“Dois apontamentos culturais. O primeiro é protagonizado pelo grupo laranja. Será o Pedro Góis Moreira a ler, é um poema chamado “O Portugal Futuro” de Rui Belo, um homem que eu tive o prazer e privilégio de conhecer pessoalmente. É um homem muito curioso. Se vocês não o conheceram e querem saber histórias dele, eu depois conto, fora do jantar.
Está o Ricardo Venâncio na guitarra e o grupo laranja escolheu este poema porque é um tema com uma componente espantosa, é uma perfeita mistura entre a complexidade e simplicidade. Não é um poema moderno e denso, recheado de comparações complicadas e metáforas incompreensíveis, também não é um poema simplista, óbvio, ou pior grosseiro sem qualquer intenso formal.É um poema no qual o autor encontrou o difícil equilíbrio entre a simplicidade mais esclarecedora e a complexidade mais profunda. É uma obra perante a qual é impossível ficar indiferente. Vão ouvir um poema que por dentro do tradicional pessimismo e sarcasmo português, traz um raio de esperança único que tenta incutir nos portugueses o sentimento audaz de coragem para enfrentar o futuro que é sempre incerto.
A seguir teremos o grupo verde, será Marta Pereira a ler, é um trabalho, é um poema extraído de Gibran Khalil, extraído do profeta. E o grupo verde diz-nos o seguinte: “viemos a Castelo de Vide para uma semana de trabalho intenso e enriquecedor. As aulas fantásticas a que temos assistido, os trabalhos de grupo exigentes em tempos recorde que se prolongam pela noite têm-nos deixado com as energias esgotadas. À chegada à Universidade de Verão, foi-nos pedido que fossemos solidários, assim, recordei este poema que tantas vezes me acompanhou na faculdade e me deu entusiasmo em momentos de maior quantidade de trabalho. Achei que este momento de partilha nos podia ajudar a reavivar o nosso entusiasmo e energia.”
Vamos portanto ouvir o grupo laranja e o grupo verde.”
Pedro Gois Moreira
“ Boa noite!
O Portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
Portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a Espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será Verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da Matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o Portugal futuro.
Muito Obrigado!”
(Aplausos)
Marta Pereira
“O trabalho
E digo-vos que a vida é de facto obscuridade excepto onde há arrebatamento.
E todo o arrebatamento é cego excepto onde há sabedoria.
E todo o saber é vão excepto onde há trabalho.
E todo o trabalho é vazio excepto onde há amor.
E que será então trabalhar com amor?
É deixar enquanto fazeis um sopro do vosso espírito
Muitas vezes vos ouvi dizer, como se estivésseis a falar durante o sono
Aquele que trabalha o mármore e encontra na pedra a sombra da sua própria alma
É mais nobre do que aquele que trabalha a terra.
E aquele que agarra o arco-íris para o colocar numa tela à semelhança do homem
É mais do que aquele que faz as sandálias para os nossos pés.”
Henrique Jorge
Boa noite a todos.
Caro Dr. Rui Rio, Presidente da Câmara Municipal do Porto, e grande personalidade do nosso querido PSD, é com muito prazer que o recebemos aqui hoje e falo também em nome de todos os Grupos. É com grande honra que o recebemos e que contamos com o seu contributo nesta nossa Universidade de Verão.
Finalizando, não me vou alargar muito, é uma personalidade que dispensa grandes apresentações, portanto, por tudo o que tem feito e por tudo o que ainda vai fazer pelo PSD, pela causa justa, pela causa nobre, pela causa pública, um muito obrigado e um bem haja.
Dep.Carlos Coelho
Sr. Dr. Rui Rio, Sr. Presidente da JSD, Sr. Secretário Geral Adjunto do PSD, Sr. Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, Sr. Director - Adjunto da Universidade de Verão, Srs. Conselheiros, minhas Sras. e meus Srs., o Dr. Rui Rio é como o Henrique acabou de dizer, uma personalidade do PSD, mas antes de ser uma personalidade do PSD e hoje é Vice-presidente do Partido, foi uma personalidade da JSD, foi dirigente da JSD, foi Vice-presidente da Comissão Política Nacional, mais tarde veio a ser Secretário-Geral do Partido, Vice-presidente do partido, Deputado da Assembleia à República onde esteve vários anos com grandes responsabilidades e actualmente é Presidente da Câmara Municipal do Porto, eleito numa eleição em que todas as sondagens diziam que ele era um perdedor, onde ganhou com muito mérito, tendo a eleição seguinte sido ganha pelo trabalho que desenvolveu à frente do Porto, conheço o Dr. Rui Rio desde os tempos da JSD estávamos na mesma direcção nacional, e desde essa altura que algumas características da sua personalidade se mantêm, não é uma pessoa fácil, é uma pessoa determinada às vezes até teimosa...
(risos)
… Com um grande rigor ético, e uma grande seriedade pessoal e política, o Dr. Rui Rio tem como hobby ler e andar de bicicleta, tem como comida preferida a lampreia, como animal preferido o cavalo, como livro sugere-nos a ‘’Tirania da Comunicação’’ de Ignácio Ramonet, o filme é um grande filme aquele que nos sugere ‘’Gandhi’’ uma grande referência histórica, um homem, o apóstolo da tolerância, e a principal qualidade que mais aprecia é porventura entre muitos outras a lealdade. O Dr. Rui Rio não é novo nestas andanças da Universidade de Verão, esteve aqui há 4 anos, antes da sua segunda vitória para a Câmara Municipal do Porto, já conhece um bocadinho as regras da casa e já sabe que eu tenho o privilégio de fazer a primeira pergunta e que se seguirão as vossas perguntas. O Dr. Rui Rio compreenderá que a 6 semanas das eleições municipais não possa desperdiçar a sua presença. Podíamos com ele falar de muitos outros temas mas o que faz sentido nesta conjuntura é falar das cidades. Cada vez mais na vida moderna há mais pessoas a viver nas cidades. Até o campo hoje tem uma vida urbana, cada vez mais há pólos urbanos que concentram as pessoa até naquilo que nós chamamos o interior rural, e portanto a urbanização da vida moderna é uma condicionante com que devemos estar confrontados e grande parte das soluções no governo das cidades são determinantes para a qualidade de vida das pessoas. Se formos capazes de gerir bem as nossas cidades, temos condições de oferecer melhor qualidade de vida aos nossos cidadãos e portanto ao Dr. Rui Rio a minha pergunta é muito simples, resume-se ao seguinte:
Na sua opinião o que é que significa hoje gerir bem uma cidade, especialmente gerir bem como tem feito uma grande cidade concretamente com o exemplo do Porto?
Minhas Sras. e meus Srs. para responder à minha pergunta e às vossas perguntas, connosco esta noite na Universidade de Verão o Dr. Rui Rio.
(palmas)
Dr.Rui Rio
Caro Carlos Coelho, caro colega Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, caro Presidente da JSD, minhas amigas e meus amigos, pois bem, eu vou tentar através do exemplo da cidade do Porto, não marcando muito algumas características muito próprias do Porto, marcando apenas aquilo que me parece ser o mais importante, tentar explicar como é que se pode ter um estilo, uma forma de ser Presidente duma Câmara Municipal designadamente uma Câmara Municipal de uma grande cidade, porque aí começa logo a diferença e o nosso quadro legal nem estará muito bem nessa matéria, porque chama a tudo autarquia e Câmara Municipal e há uma diferença muito grande entre gerir a autarquia do Porto ou a autarquia de Lisboa, ou gerir obviamente a autarquia de Castelo de Vide. É muito diferente. O tipo de problemas são diferentes, abordagem, o início da abordagem eu acho que deve ser igual e é por aí que eu vou começar, depois as soluções e a forma de actuar é que é diferente. Eu candidatei-me à Câmara Municipal do Porto em 2001. Conhecia naturalmente a cidade do Porto, muito menos bem se assim se pode dizer que conheço hoje, como é lógico e minha obrigação. Depois de estar lá estes anos tenho um conhecimento muito mais profundo. Fizemos então em 2001 com a devida antecedência, (e este nós não éramos muitos, nessa altura não éramos muitos), fizemos aquilo que é o diagnóstico da cidade, não o diagnóstico da cidade no sentido de vender eleitoralmente, mas o diagnóstico da cidade no sentido de percebermos quais eram os problemas da cidade, quais eram os principais estrangulamentos que a cidade tinha que condicionavam o seu desenvolvimento. Feita a leitura da cidade por mim e por mais alguns nos quais destaco o Professor Valente de Oliveira, que está comigo nisto desde essa altura, desde 2001, que foi o coordenador do programa em 2001, foi o coordenador do programa em 2005 e agora foi o coordenador do programa no ponto de vista científico em 2009, aqui com um trabalho, não sei onde ele está, do vereador e vosso amigo Vladimiro Feliz, e nesse diagnóstico na altura em 2001 nós acertámos 3 prioridades. Vamos lá ver uma coisa quando se diz 3 prioridades não quer dizer que só se faz isto, faz-se tudo, mas depois seja num plano orçamental, seja num plano que é muito importante talvez mais importante que o plano orçamental, no pouco tempo que temos disponível eu só tenho 25 horas por dia, (Risos), não tenho mais e nessas 25 horas por dia quantas eu dedico a cada tema, portanto nas horas que eu dedico aos temas as prioridades estão definidas. A primeira prioridade em 2001,( eu acho que o dia de hoje, melhor que o dia de hoje, o dia de ontem, hoje são 27 de Agosto, 26 de Agosto, explico já porque era até melhor para entender isto, mas o dia de hoje, dito desta maneira, é excelente para perceber o quanto este diagnóstico foi bem feito), primeira grande prioridade política era a exclusão social, era e é a exclusão social. Podia a cidade do Porto, pode a nossa cidade, quando eu disser Porto leiam a nossa cidade, porque isto pode ser visto à escala de qualquer cidade, podia a cidade ser profundamente desequilibrada do ponto de vista social? Não haver exclusão social nenhuma, eu ser candidato à câmara e não colocar a exclusão social em primeiro lugar bastava que no diagnóstico feito os problemas com os quais não havia exclusão social, não houvesse exclusão social, eram problemas que não estavam na esfera de competência da Câmara Municipal, e portanto a cidade pode ter um grande problema, o maior, e eu posso não o colocar em primeiro lugar se não estiver na esfera de competências duma câmara e aqui está de certa forma o primeiro recado para muitos candidatos a câmaras do nosso partido e de outros partidos, até lá no Porto que olham para a cidade vêm qual é o maior problema, ou olham para o município e de imediato dizem que é isso que vão tratar em primeiro lugar, porque interessa dizer eleitoralmente, pode não ser nada sério porque a Câmara Municipal pode não poder fazer nada por esse problema, mas como é o maior problema, vai daí convém dizer, para tentar enganar as pessoas e receber votos. Eu acho que isso não se deve fazer, embora às vezes se tem feito e ganham-se assim umas autarquias mas não está na minha forma, não me sinto bem a fazer isso. Mas no caso concreto do Porto podia-se colocar e devia-se colocar a exclusão social em primeiro lugar, porque já nessa altura, não vou dizer que não havia exclusão social, mas o facto de ela estar débil derivava de erros de política da câmara e não da administração central. Porquê? Por diversos erros acumulados do País desde do tempo do Professor Oliveira Salazar, que teve haver muito com o congelamento das rendas. A cidade do Porto tem cerca de 20% da sua população a viver em habitação social, 18% da população do Porto, da população que lá dorme, não é bem da população, de quem lá dorme, isto também é uma coisa que às vezes se confunde, de quem lá dorme, 18% da população vive em habitação social, e esses bairros sociais estavam alguns totalmente abandonados, quase todos parcialmente abandonados, e muito poucos só não digo que estavam abandonados porque enfim se foram construídos há um ano ou dois podem estar abandonados mas ainda estavam em condições. Temos uns largos milhares de pessoas, uns largos milhares de pessoas correspondendo a 18% da população da segunda cidade do país a viver em habitação degradada, e por isso é que a primeira prioridade que em 2001 pouca gente entendia, tinha que ser a reabilitação da habitação social. Eu estou com 24 horas de atraso como dizia há bocado, porque ontem ainda se entendia melhor porque a notícia de ontem era uma cena do faroeste no bairro do Seixal, e uns meses antes outras cenas do faroeste noutros bairros, noutros concelhos da área metropolitana de Lisboa e que nós teríamos de certeza notícias iguais hoje, se em 2002 não tivessemos começado a fazer a reabilitação da habitação social e a fazer a devida gestão quando é possível daqueles bairros, porque quando não é possível como era o caso do bairro de São João de Deus que não ficava a dever nada ao Casal Ventoso para pior talvez, o Casal Ventoso que vimos na altura em Lisboa, esse que não tinha solução possível foi completamente demolido, mas aquilo que eu vi no bairro de São João de Deus no Porto é algo que eu espero nunca mais ver na minha vida e que não vi em mais lado na minha vida, uma coisa verdadeiramente dantesca e era dentro da cidade do Porto no ano 2001 que dizia, aqueles que são mais amigos dos pobres do que eu, aqueles de esquerda, que era a capital da cultura, a capital da cultura em 2001 tinha daquilo lá dentro e dizia que era a capital da cultura, não sei de que cultura mas tinha daquilo lá dentro, hoje já não tem...
(palmas)
Por isso foi definida esta prioridade, e de lá até cá de Janeiro de 2002 até hoje, até hoje não, até Dezembro de 2009 portanto colmatado o orçamento que está em curso, nós investimos cerca de 130 milhões de euros em reabilitação da habitação social, ainda não está tudo reabilitado, estes 130 milhões tem alguma visibilidade, olha-se para os alguns prédios reabilitados, mas obviamente tem um efeito político imediato muito menor do que teria, investido de outra forma em coisas com outra visibilidade e abarcando a satisfação das pessoas de uma forma mais imediata, há muito investimentos que as autarquias podem fazer em que abrange muito mais gente, portanto reabilito uma casa só satisfaço quem lá vive não é? Não satisfaço a cidade toda, e hoje tinha outra visibilidade, mas a minha profunda convicção não tenho a certeza, mas é minha profunda convicção não tem sido feito isto, e em termos de segurança urbana, o Porto teria hoje problemas muito, muito sérios, portanto foi feita uma questão de justiça social para todas as pessoas mas também uma questão de segurança urbana, que já tem a ver com toda a gente. Quando cheguei em 2005 as três prioridades, ainda só falei da primeira, mantiveram-se, mas não trás novidade nenhuma ao programa, tipo sem ideias, contabilista muitas vezes, também sou, já fui e também posso ser a qualquer momento, contabilista, isto aquilo e aquele outro, pois é, mas se eu tinha dito em 2001 que tinha no diagnóstico identificado problemas estruturais, estrangulamentos estruturais, fazia algum sentido dizer que passado 4 anos dizer “mas eu sou muito bom, já os resolvi todos, agora vamos tratar de resolver outros problemas”! Como eu não sou assim tão bom, os problemas então não eram estruturais ou eu não os teria resolvido, se são verdadeiramente estruturais não é para resolver, não é para resolver num mandato que tive três anos e pouco, ainda por cima um primeiro mandato em que a pessoa anda ali um primeiro ano, um ano e meio a tentar apanhar os cantos à casa como se costuma dizer, e portanto manteve-se a prioridade. E agora chegado a 2009 vai-se manter também, esta primeira vai-se manter também, vai-se manter também porque não está tudo feito, e era um completo disparate abandonar agora um projecto que já esta próximo do fim que nós temos condições para concluir, ainda por cima não pode ser abandonado porque apesar de estar como está a qualquer momento pode resvalar. Um bairro não é só por estar reabilitado que depois não tem problemas, nós temos que com isso também de tratar não só o reabilitado como as pessoas em concreto, mas também porque há um outro sector em que também temos feito um trabalho que eu considero altamente meritório, que é justamente a educação. Eu não sabia em 2001 como candidato, soube em 2002 enquanto Presidente da Câmara que o sector da educação, designadamente as escolas do primeiro ciclo do ensino básico, quarta classe no nosso tempo, as escolas primárias no nosso tempo nós chamávamos quarta classe, que estão sob a responsabilidade das autarquias estavam num estado não tão mau quanto os bairros sociais do Porto mas muito próximo disso. Aliás se há município em Portugal que pode dar mau exemplo nisso é justamente Lisboa, tem as escolas numa situação miserável, não sei onde é que gastaram tanto dinheiro, pois é um bocado como o meu clube, o Boavista que não sei onde gastaram tanto dinheiro. (Risos) A Câmara de Lisboa é um bocado parecida, não sei onde gastaram tanto dinheiro porque nas escolas não foi de certeza e na reabilitação dos bairros pelos vistos também não terá sido. Quando uma criança( e não é uma, são muitas pois é 18% da população), vive em habitação social degradada, com toda a envolvência que conhecemos, sai para a escola e às vezes esses pais não fazem tanta força como isso para ele ir para a escola, e ele chega à escola e ele tem os vidros partidos, tem as paredes riscadas e a escola não tem condições, que futuro estamos nós a preparar para aquela criança, ou que futuro estamos nós a preparar para a nossa cidade? Isto era incomportável, e aí atrasamos um pouco a reabilitação dos bairros, desviando algum dinheiro para a reabilitação das escolas, que é mais barato e mais rápido que os bairros, é mais fácil e assim nós conseguimos pelo menos que a criança mais rapidamente goste da escola quanto mais não seja por contraposição à casa que ainda não tinha, (hoje muitas delas já têm a casa noutras condições). Visamos assim a questão da exclusão social. A segunda prioridade que se estabeleceu em 2001, e quem conhece o Porto, e Lisboa que é igual, e quem conhece o Porto não tem dúvida nenhuma que tinha de ser uma prioridade de primeira linha, é a questão da reabilitação da baixa da cidade, do centro histórico que é património da humanidade e da baixa da cidade. E aí eu acho uma coisa fantástica, a gente quando está nesta vida é para ouvir de tudo. Durante anos, anos e anos a baixa do Porto foi-se desertificando, chegamos a 2001, 2002 quando eu tomo posse e a baixa está completamente desertificada, a primeira coisa que nós fizemos foi procurar alterar o modelo de reabilitação da baixa e aí alteramos completamente o modelo, o modelo que tínhamos era uma coisa impensável, era uma direcção municipal que tinha alguns trocos do orçamento municipal e reabilitava uma ou duas casinhas por ano, claro que quando reabilitava uma ou duas casinhas perdiam-se não sei quantas casas, 20, 30, 40, que iam ficando abandonadas a dada altura já estavam abandonadas algumas casinhas que já tinham sido reabilitadas há 20 anos, portanto alguém acredita que a baixa de uma cidade como o Porto ou Lisboa, pode ser algum dia reabilitada com dinheiro do orçamento municipal, ou até mesmo com o dinheiro do Orçamento do Estado isto faz algum sentido? Nem que houvesse dinheiro não é correcto, porque o Estado não tem que se envolver nessa escala. Ou a economia ou a sociedade, quer a reabilitação e a chamamos à reabilitação e ela faz parte da economia, ou seja faz parte da nossa vida e fazêmo-la, ou se não querem não vale a pena reforçar por que não dá resultado, e jamais seria possível forçar com tantos milhões que é preciso para reabilitar a baixa da cidade do Porto ou da cidade de Lisboa. Pois este era o modelo que tinha dado o resultado que deu, quando acabamos com aquela direcção municipal, a do Porto terá alguma afinidade com o nome que era CRUARB, deitaram as mão à cabeça porque eu tinha dado cabo da reabilitação, isto é realmente do ponto de vista de raciocínio intelectual um bocado difícil, então criticamos a baixa porque está abandonada, mudamos o modelo tirando aquilo que levou a essas consequências, e o resultado é um assassino da reabilitação. Pois bem, acabámos com isso e criámos um novo modelo assente na sociedade intervenção urbana, e tivemos inclusive que esperar que aparecesse uma lei que desse cobertura a isso, que assenta fundamentalmente na iniciativa privada, que é aquilo que é o nosso desafio é ter orçamento público para fazer o investimento público necessário, por exemplo, na via pública (eu não posso pedir um quarteirão ou um prédio e a via publica não estar em condições), ou então fazer a reabilitação através de algumas expropriações que é preciso fazer, se num quarteirão houver 40 prédios e houver dois ou três senhorios que não querem, então tem que se expropriar temos que ter dinheiro para expropriar, mas depois de reabilitar também podemos vender e se isto correr bem até ganhar ou pelo menos não perder dinheiro nenhum, mas o dinheiro público deve ser, tem que ser só para isso os milhões e milhões para reabilitar os quarteirões e para fazer investimentos, tem de ser de iniciativa privada e se a iniciativa privada não quiser não pode ser à força porque à força não vai lá, e portanto a prioridade das três prioridades era essa que estava em segundo lugar e essa vai continuar em segundo lugar porque isto é uma tarefa de geração, está a correr bem para quem conhece o Porto sabe isso, está a correr bem principalmente está a correr bem tendo em vista a conjuntura económica que o País tem e que a Europa vive. Mas está muito por fazer e portanto permanece essa prioridade porque é uma prioridade que ajuda a criar emprego. É fundamental para um sector onde o Porto é competitivo que é o turismo, e valoriza o nosso próprio património neste caso o património desta cidade. E chego assim aquela que é a terceira prioridade, e esta é a única que vai mudar, não mudou em 2005 mas vai mudar em 2009, explico porque é que vai mudar ou seja está aqui sempre em causa tentar explicar o raciocínio pelo qual as coisas são assim, as coisas são assim não especificamente a situação do Porto em concreto. Em 2001 estava no papel e já com alguma obra o metro do Porto, que era uma obra estruturante e decisiva para a mobilidade não só do Porto mas da área metropolitana do Porto, portanto não era possível alguém gerir o centro da área metropolitana que é a cidade do Porto, não colocando o projecto do metro, leia-se a mobilidade da cidade em primeiro lugar, tal era a importância e envergadura do projecto, e portanto quando eu falo em mobilidade, falo em primeiro lugar no metro. Mas falo também numa série de coisas que era na altura preciso fazer, como seja a cidade toda destruída, (toda é um exagero, mas em grande medida destruída) pelas obras da Porto 2001, caso da Praça Carlos Alberto que fizeram um buraco enorme, um buraco do tamanho da praça e depois fugiram e deixaram aquilo uns anos assim, à volta do Hospital de Santo António escavaram aquilo tudo e fugiram, o famoso túnel de Ceuta esteve 9 anos ou 8 anos com um buraco à entrada e um buraco à saída, quer dizer coisas desse género, era também preciso resolver isso que tem um impacto forte na mobilidade, e portanto tinha que ser uma prioridade. Acontece que chegados a 2009 o projecto do metro é importante a mobilidade é importante, é o que eu estou a dizer quando se definem três prioridades e dizer que não se faz mais, mas há um outro aspecto que neste momento deve ser equacionado no diagnóstico que fazemos como de maior relevo que é justamente o emprego e a competitividade. Mas aqui eu estou a juntar apenas o útil ao agradável, não estou só no agradável, ou seja, hoje fica bem dizer que se eu candidato a qualquer coisa ao governo ou uma câmara designadamente uma câmara com bastante população é bom dizer que vou resolver o problema do emprego, porque o problema do emprego é talvez o primeiro problema neste momento que preocupa as pessoas em Portugal. Mas lá está, porque a Câmara pode fazer alguma coisa. Porque se a Câmara o não pudesse fazer nada, não me viam a dizer isso e depois a dar aquelas sugestões que percebem que não é nada, que é um vazio como eu vejo lá no Porto algumas pessoas fazerem. O emprego e a competitividade pelo seguinte, por diversas razões não vos vou maçar vou dar aquilo que é o fundamental da nossa proposta. A cidade do Porto tem um conjunto de equipamentos que todos conhecem mesmo aqueles que não são do Porto, que são um valor patrimonial, mas que hoje não têm utilidade prática para lá desse valor patrimonial. É o caso por exemplo do famoso Mercado do Bolhão, é o caso do Palácio de Cristal, é o caso do Mercado do Bom Sucesso, é o caso do Mercado Ferreira Borges, é o caso do Palácio do Freixo, e portanto qual é a estratégia numa cidade em que nós temos consciência que tem uma notória vantagem comparada no turismo e na área da ciência? É pegar nesses valores patrimoniais, reabilitá-los defendendo naturalmente aquilo que eles são mas procurando na medida do possível que eles sejam úteis à economia local, e portanto pegamos no Palácio de Cristal e vamos fazer uma reabilitação que vai transformar o Palácio de Cristal naquilo que o Porto tem para oferecer e satisfazer uma procura que hoje existe que não consegue satisfazer, que é ter um grande centro de congressos. O Porto hoje não consegue acomodar na cidade do Porto um congresso com mais de 1.000 pessoas e tem imensa procura para congressos de 3.000 e 4.000, 5.000 pessoas, e portanto não faz sentido existir essa procura, tem um impacto enorme na vida e na economia da cidade e não ter uma infra-estrutura para responder, principalmente uma infra-estrutura de qualidade como é o Palácio de Cristal, e por isso nós vamos fazer essa reabilitação. Mas agora podem-me dizer assim e como é que um orçamento municipal acomoda tudo isto? Não acomoda, por isso o que é fundamental é conseguir fazer parceria público privado, que é um ponto hoje muito importante na gestão de uma autarquia, conseguir parcerias público privada, que levem a que torne possível a reabilitação desse património e a sua inserção na economia, e portanto hoje temos o Palácio de Cristal que tem um utilização mínima porque está desadequado e daqui por uns anos poucos, (dois anos, dois anos e pouco), vamos ter um Palácio de Cristal capaz de ser igual a si próprio e servir a cidade do ponto de vista da sua economia. Com isso crio emprego e reforço a competitividade da cidade. Há quem diga neste momento, (acho que até o líder do Bloco de Esquerda esteve lá em visita aos Jardins do Palácio) que o Rui Rio vai destruir os jardins do Palácio de Cristal. O projecto leva ao abate 5 árvores do jardim todo, e o arquitecto diz-me olhe a gente vai plantar 6, mas está bem planta-se 6 ou 10, planta-se as que quer, não se fazia isto por causa de 5 árvores, como isto é difícil de vender vai daí e diz-se que ele vai destruir o jardim, é só um pormenor de linguagem, também diziam que eu ia demolir o Mercado do Bolhão são pormenores de linguagem, às vezes muito acarinhados em notícias de jornais. E portanto a estratégia para o emprego e a combatividade é justamente isso, e por isso o Palácio do Freixo que é um palácio de Nicolau Nasoni vai ser, (praticamente está pronto) transformado numa Pousada de Portugal, não foi reabilitado pelo Nicolau Nasoni mas curiosamente o Palácio de Cristal vai ser reabilitado pelo mesmo arquitecto que o fez, porque o Sr. tinha 20 e tal anos quando o fez nos inícios dos anos 50 hoje tem 80 e tal é vivo está de perfeita saúde e é o mesmo arquitecto. Aliás é uma coisa notável que um edifício daqueles já com uma história na cidade pertence à história da cidade, vá ser reabilitado pelo mesmo arquitecto. No entanto há treinadores de bancada que criticam o homem relativamente à reabilitação, sabem mais do que ele e querem defender mais do que ele o filho, se assim se pode dizer, a obra e o filho do próprio arquitecto José Carlos Loureiro. E portanto casos como o Palácio do Freixo, casos como o Palácio de Cristal, Mercado Ferreira Borges, Bom Sucesso, Bolhão, etc. vão todos ser reabilitados procurando - lhes dar uma utilidade prática à economia da cidade, e isto inserido numa lógica em que estrategicamente sabemos que temos de apostar no turismo e se possível na ciência, na investigação cientifica porque tendo o Porto a maior universidade do País e uma série de outras universidades não é por acaso que começaram a surgir centros de excelência do ponto de vista da investigação cientifica, e portanto quando nós temos a oportunidade de fazer um centro de congressos como aquele que pretendemos fazer, não serve só para congressos o que pretendemos fazer, naturalmente que nós estamos a ser consequentes com aquilo que pretendemos. E portanto, estas são as três áreas onde na cidade do Porto mais se actua. A explicação para que assim é, deriva de um diagnóstico que foi feito que eu acho que deve ser assim que as coisas devem ser feitas, mas eu não queria deixar de referenciar, principalmente perante um público jovem que tenho aqui à minha frente, não tudo o que se fez como é evidente, mas uma área em onde nós também temos tido um particular cuidado, que é a área do ambiente ou do desenvolvimento sustentável. Enfim escolham como quiserem o termo, um é mais corriqueiro o outro é mais sofisticado mas vai dar mais ou menos o mesmo. Numa cidade como o Porto, eu não estou rigorosamente nada interessado no crescimento, mas nada, eu estou interessado no desenvolvimento que são coisas completamente diferentes, o objectivo é a defesa da qualidade de vida, o objectivo não é eu dizer que tenho mais prédios ou que cresce mais porque isso muitas vezes deriva em perda de qualidade de vida, perde de mobilidade e não em ganho de qualidade de vida, portanto vamos ser claros, eu só preciso do crescimento enquanto ele for necessário para o desenvolvimento. É nesta articulação que as coisas têm de ser feitas, e nem sempre assim é feito. Há quem se vanglorie a dizer ganhamos mais não sei quantos habitantes… Desde logo estamos a confundir o conceito de habitante com o conceito de lá dormir, porque se eu chegar a uns quilómetros quadrados e puser prédios uns atrás dos outros vai lá toda gente dormir eu posso dizer que tenho a maior cidade do País, não é isto que interessa, o que interessa objectivamente é ter uma cidade equilibrada, harmoniosa e em que as pessoas lá possam viver, não dormir, ou seja a importância de Lisboa não deriva, o facto de ser a primeira cidade do País, não é pelo número de pessoa que lá dormem, qualquer dia já dormem mais noutros concelhos e sei que em Lisboa já não é assim, não, é porque a vida é em Lisboa e não nos concelhos que a limitam, a vida económica, cultural, social, pelas pessoa que lá vivem que lá. Entram todos os dias e é daí que deriva a sua importância. E portanto tudo aquilo que nós temos feito tem a ver com a qualidade de vida e não exactamente com o crescimento, e por isso coisas como a cobertura, mesmo na cidade como o Porto, a cobertura integral do saneamento básico, por exemplo, não está feita ainda hoje não está feita e poderá ser feita no espaço de um ano e tal, ter por exemplo um PDM como nós temos com um índice de construção muito baixo 0,8, em cada metro quadrado só se pode construir 0,8, menos do que o próprio metro quadrado em si. Eu não sei como estão a maior parte das cidades mas uma cidade como o Porto que é uma cidade antiga por exemplo tinha um nível de perdas de água de 52%, isto são tudo coisas que não se vêem agora, não rendem votos, um nível de perdas de águas de 52 %, sabem o que isto quer dizer? Quer dizer que por cada 100 litros de água que a cidade do Porto comprava, ainda no meu mandato anterior em que o ambiente estava entregue ao partido socialista porque eu não tinha maioria, por cada 100 litros de água que o Porto compra consome 48 e perde 52, consumia 48 e perdia 52, hoje reduzimos as perdas em 50%, detemos um nível de 30 e tal %, mas estamos num caminho para reduzir isto, e isto é fundamental pelas mais diversas razões não vale a pena estar aqui a explicar porquê, outros aspectos, para não me alongar mais nisso é a construção por exemplo dos quilómetros de ciclovia que estamos agora a fazer, é o iniciar da construção de um parque verde na zona oriental, é o garantir que o Parque da Cidade do Porto não tem construções, são uma série de factores que tem a ver com a qualidade de vida, uns rendem mais outros rendem menos votos nem sempre rendem simpatia porque não se vêm, mas que são fundamentais para a defesa da qualidade da cidade. O Porto tem agora classificadas 4 praias, as 4 praias estavam impraticáveis, não se podia ir para a praia era proibido pela miserável qualidade da água. Nestes últimos 3 anos todas foram consideradas de zona balnear, em todas se pode ir a praia, ano passado uma teve bandeira azul, este ano duas têm bandeira azul, e esperemos ter ficado no mandato todas as quatro terem bandeira azul. Tudo isto já não ao nível das prioridades que eu referi, mas ao nível dos cuidados que eu acho que um autarca deve ter, se tiver como centro a qualidade de vida das pessoas. A cidade do Porto é o único município que tem um plano municipal para a juventude, acho que é algo de pioneiro, eu não quero exagerar pode ser que haja aí um outro município que tenha, mas pelo menos o primeiro devemos ter sido, em que fizemos um levantamento de tudo que existe, estabelecemos as necessidades que existem, e procurámos através desse plano dar respostas à juventude que como nós sabemos é uma área transversal quase a tudo, e portanto é também algo que nós nos orgulhamos no Porto de ter feito, que se fosse num outro fórum eu talvez não referenciasse, referenciava outras coisas mas perante um auditório tão jovem também me compete até mesmo referir, mas agora através das perguntas que me possam fazer, eu posso ilustrar melhor isto ou outras perguntas que se eu souber eu também respondo, muito obrigado.
(palmas)
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado Dr. Rui Rio, vamos então entrar na fase das perguntas vão fazer conjuntos de duas perguntas, primeiro o grupo encarnado com a Catarina Rocha Ferreira.
Catarina Rocha Ferreira
Boa noite, Dr. Rui Rio, em boa hora veio alterar o destino da cidade do Porto, e digo isto porque ao longo dos seus mandatos assumiu sempre uma enorme preocupação com organização interna da câmara, tanto na melhoria da eficiência dos serviços como ao assumir os compromissos com as outras partes nomeadamente o pagamento atempado a fornecedores, e essencialmente destaco o combate à corrupção, conseguiu dessa forma credibilizar e elevar o nível da política autárquica e assumir uma postura que infelizmente muitos autarcas não têm. De acordo com a sua experiência quais são as boas práticas que poderão vir a ser implementadas noutras autarquias para tendencialmente se acabar com a corrupção?
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado agradecendo ao grupo bege o convívio simpático que tivemos ao longo da noite, passo a palavra ao João Ribeiro.
João Ribeiro
Boa noite Dr. Rui Rio, o grupo bege queria lhe dizer que foi um orgulho ser anfitrião do jantar desta noite, e queremos em conjunto homenageá-lo como um dos grandes políticos portugueses e que, é capaz de gerar uma grande confiança para os jovens portugueses. Nesse sentido o grupo bege gostaria de esclarecer e de perguntar como é que é possível para um jovem político e não só, manter o carácter de confiança que o Dr. inspira aos jovens, e não só aos jovens como a todo o público em geral, obrigado.
Dr.Rui Rio
Muito bem, uma das coisas que eu normalmente enfatizo naquilo que é acção municipal é justamente a questão do equilíbrio financeiro e a questão de corrupção, não o fiz aqui enfim não posso dizer tudo e a dada altura ficava muito comprido. A questão financeira eu aproveito então a pergunta para responder, ela anda muito associada pela minha maneira de ser à corrupção. Ou seja o que é que eu quero dizer com isto? Eu não consigo, (isto que eu vou dizer não é uma virtude, é uma característica) eu nunca pedi dinheiro a ninguém, mas pode-se dever passando para a vida empresarial ou neste caso para a vida, não é empresarial porque eu estou à frente de uma Câmara Municipal, eu acho uma coisa inqualificável nós não pagarmos o que devemos, acho uma coisa inqualificável, acho que toca com valores fundamentais da nossa vida em comum, portanto se eu compro esta esferográfica, pago a esferográfica, não tenho dinheiro não compro a esferográfica junto dinheiro e compro depois não tem problema nenhum, e até prefiro isso do que pedir emprestado como já disse. Numa Câmara Municipal para mim é fundamental fazer apenas a obra e gastar apenas aquilo que tenho, e portanto quando eu cheguei à câmara não era assim e nós sabemos o resultado. Podem-me chamar contabilista, controlista ou seja o que for, para mim isto é sinceramente fundamental vai para lá daquilo que eu sou capaz. A corrupção é um bocado a mesma coisa ou seja, é evidente que há boas práticas que se devem assumir no combate à corrupção, mas no caso da câmara do Porto, aqui é só para quem é do Porto quem não é não consegue sentir, mas quando eu cheguei à Câmara, quais eram as histórias que na cidade do Porto se contavam sobre a Câmara? Contavam-se imensas histórias, não vou dizer se eram verdade ou mentira pelo menos aqui, mas histórias não faltavam. Hoje pergunto: Há alguma história, ouve-se no Porto alguma história, ouvem-se histórias sobre isso sobre os serviços municipais? Não ouvem, não quer dizer que não haja qualquer coisa porque nunca se pode ter a certeza, agora, onde é que reside o segredo, (se é assim que se pode dizer), desta acção, Acho que reside no facto duma enorme vontade em que assim não seja, é das coisas que pior pode acontecer. Se me disser “eu sei de uma história na Câmara do Porto em que pode haver corrupção, eu fico furioso porque estão a roubar o erário público, mas sou-vos sincero fico fundamentalmente furioso porque vejo que estão a gozar comigo, porque sabem que eu detesto isso de tal maneira que eu acho uma afronta, eu sou o Presidente da Câmara sabem qual é a minha de pensar e aventuram-se a fazer isso é porque estão a gozar comigo, eu fico revoltado quanto mais não seja por uma questão pessoal para lá de isto ser um puro roubo, e acho que é essa permanente preocupação que é uma preocupação natural que posta um dia, dois dias, uma semana, um mês, um ano, dois anos, acaba por criar uma cultura. Não sei explicar muito mais, não foi seguramente o sistema judicial português que me ajudou a resolver o que quer que seja, isso não foi de certeza apesar de lhe ter pedido muitas vezes ajuda, acabei eu constituído arguido e não quem devia ser…
(palmas)
A sua pergunta João Ribeiro a confiança como se consegue, eu aqui vou dar uma resposta que é aqui uma pequena análise digamos assim, não fica muito bem mas eu não sei responder de outra maneira é a minha convicção profissional. Nós ouvimos dizer em cada canto que muita gente gosta de mim, não gosta de mim enfim, mas mais ou menos tão-somente dizem que ele sim é muito sério. Agora a leitura que eu faço disso não é exactamente a leitura normal que as pessoas fazem, no sentido de dizer que ele é muito sério logo os outros andam a roubar não acho que seja assim, quando dizem isto de mim também não estão a dizer que anda aí toda a gente a roubar, a maior parte das pessoas é gente séria do ponto de vista material, sinceramente temos muita corrupção mas eu não estou capaz de dizer que nas câmaras do país só há corruptos, não é assim, e quando se faz isso é um populismo bacoco e injusto, bom e portanto a contraposição não é por aí, o que eu acho que é que quando as pessoa se exprimem dessa maneira tem a ver com o empenho e a força que se põem naquilo que se defende e que se diz e que dizemos que acreditamos portanto quando eu digo que acredito numa coisa e que quero ir por esse caminho e depois contra ventos e marés vou e vou mesmo, é aí que depois dizem que é sério, não é exactamente da parte material, pela parte material felizmente há muito mais gente séria do que não séria e portanto é daí que eu acho que pode advir ou não a confiança em alguém, ou seja ele disse que fazia e fez mesmo, ele disse que pensa desta maneira, muitas vezes não é dizer eu vou fazer aquilo em concreto, muitas vezes ou a maior parte das vezes é, eu penso assim e acho que o caminho não é aquele e depois quando sigo o caminho muitas vezes as soluções são encontradas durante o percurso não estão devidamente programadas, as pessoas reconhecem a coerência e vontade ou não, e fazendo isso e sendo-se assim inspirasse confiança, não se sendo não se inspira confiança, é a melhor forma que eu tenho à sua pergunta com aquele nuance um bocadinho desagradável de falar o que é que eu acho de outros pensam de mim, mas é a forma que eu encontrei para lhe responder.
(Palmas)
Dep.Carlos Coelho
Segunda ronda de perguntas Ricardo Gonçalves grupo amarelo.
Ricardo Gonçalves
Boa noite a todos, e em especial ao Dr. Rui Rio pessoa que eu admiro pela forma como ganhou no ambiente hostil a Câmara Municipal do Porto, e pela forma como enfrentou aquele que é o melhor clube português desta época, porque é inevitável e enfrentou com muita coragem dou-lhe os parabéns por isso, não seria fácil estar no seu papel. A pergunta é simples e é sobre gestão autárquica queria perguntar se descentralizando o poder através de empresas públicas municipais se não corre o risco de a câmara perder perder o controlo ou seja ficar um pouco vazia de poder e por outro lado também a ficar dependente como por exemplo a Câmara Municipal de Sintra que descentralizou o poder e criou várias empresas municipais e por vezes como é exemplo a empresa do lixo por vezes fica dependente e não consegue gerir essas empresas, não é? é essa a minha pergunta, muito obrigado.
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado João Paulo Meireles, do grupo azul.
João Paulo Meireles
Boa noite Sr. Dr. Rui Rio, em nome do grupo azul como aqui o nosso infante jota aqui montado neste barco rabelo aqui à nossa frente e com as cores do Belenenses ilustra, gostaria de lhe desejar uma boa noite e pegando naquilo que nos estava a dizer relativamente ao diagnóstico que precisou de fazer relativamente à cidade do Porto, falou -nos de um Parque habitacional caduco com os bairro sociais da década de 50 e todos eles a necessitarem de intervenção, falou-nos de um parque escolar em idêntica situação, falou-nos da necessidade que teve de recorrer a parcerias publico-privadas para poder racionalizar a gestão e utilização de equipamentos de património da Câmara Municipal do Porto, ainda a outras questões a que não se referiu porque não tinha tempo, mas uma delas também relevante para a pergunta que lhe vou colocar, prende-se com as colectividades que eram subsidio-dependentes e também conseguiu curar esse cancro na cidade, e a nossa pergunta vem no sentido que para enfrentar todas essas situações necessitou de tomar medidas complicadas e que muitas delas seriam muito imprevisivelmente muito impopulares, a verdade é que a sua popularidade não desce e será que isso se deve a uma razoabilidade e bom senso do povo, ou existe e é necessário um esforço constante de comunicação e de desmistificação, das mentiras que alguns com apoios dos outros persistem em continuar fazer passar junto da população do Porto, muito obrigado.
Dr.Rui Rio
A questão das empresas municipais, (um minuto inaudível) mas há hoje menos do que aquelas que havia. Quando eu cheguei à Câmara extingui algumas. Temos um controlo muito maior sobre as direcções municipais do que sobre as empresas municipais, isso é verdade, um ministro tem um controlo muito mais directo sobre a direcção geral do que sobre a empresa, eu ia dizer a RTP mas não é a verdade, sobre essa tem controlo…
(palmas)
Mas naturalmente sobre a CP, sobre qualquer outra mas numa autarquia é a mesma coisa, e eu tenho consciência que o Conselho de Administração de uma empresa municipal pode tomar uma decisão e não tem que andar sempre a perguntar ao Presidente da Câmara, embora na maior parte das empresas a administração tem um Vereador. Aquilo que eu sou capaz de dizer é que no equilíbrio das coisas, há situações em que é preferível ter uma empresa municipal apesar naturalmente de o controlo focar mais à distância. Por exemplo aquilo que eu aqui falei dos bairros sociais no caso do Porto, os bairros sociais estão integrados numa empresa municipal que é a DOMUS SOCIAL, que gere todo o parque habitacional e é evidente que é muito mais eficaz hoje sendo uma empresa municipal do que no tempo em que era uma direcção municipal. A minha experiência sobre essa matéria é que eu sinto-me bem a abdicar de algum controlo, controlo/conhecimento/acompanhamento em nome de uma maior eficácia. De uma maior distância perde-se uma coisa ganha-se noutra. No balanço acho que é positivo, também só se criam as empresas municipais quando é mesmo necessário. A questão colocada pelo João Paulo, referiu aí uma coisa que eu ao bocado não referi mas pelo qual é um traço pelo qual eu me orgulho, orgulho-me bastante mas enfim vale o que vale, que é o facto de nós termos acabado com os subsídios, numa cidade como o Porto nós não damos subsídios, subsídios daqueles toma lá e depois amanhã dizes bem de mim no jornal, portanto não há disso no Porto, e portanto quando me...
(palmas)
Mas são manchetes e manchetes de jornais contra mim por causa disso, que assassinou a cultura, que faço isso, que faço aquilo. Não quer dizer que não apoio, nos apoios sou muito selectivo, são mais reduzidos, são muito selectivos, o que não há é o subsídio do toma lá o dinheiro e desaparece não!, o que pode acontecer é, o que é que é? Um festival de isto ou daquilo e são muito poucos, e então eu apoio determinada coisa a deslocação o hotel, qualquer coisa com um plafond até x e perante a entrega das facturas nós apoiamos assim dessa maneira e mesmo assim é muito pouca coisa, só há transferência de dinheiro para entidades onde a Câmara está presente. Por exemplo a Câmara está presente na direcção da Casa da Música aí sim senhor! Há uma transferência de verbas para a Casa da Música mas a câmara está lá a gerir, também participa. Como transferências para as empresas municipais. Agora esses subsídios normais com que se compram e vendem apoios acabou, não acabou logo de início, foi-se fazendo um trajecto até que houve uma altura em que é agora! E foi mesmo, mas quer dizer podem estar convencidos que é só enquanto eu lá estiver, porque mesmo que o meu sucessor seja do PSD não há garantia que acabe com os subsídios, não há garantia, mas comigo é assim sinceramente e tenho até algum orgulho nisso, e o caso por exemplo mais conhecido em termos públicos, é o caso do Rivoli. O teatro Rivoli dava um prejuízo à Câmara de 3 milhões de euros por ano e o nível de ocupação era baixíssimo não tinha lá ninguém. Estabelecemos contratos com o Filipe La Féria, nós somos responsáveis pela manutenção do edifício que é nosso, pela limpeza do edifício e pela segurança do edifício, pagamos isto e recebemos 5% da bilheteira. Isto dá um défice de cerca de 500 mil euros, portanto gastávamos 3 milhões e agora gastamos 500 mil e o Rivoli está quase sempre cheio, e isto dá atractividade à cidade, vão lá muita gente de fora da cidade, dá animação também à baixa que nós precisamos. Poupámos 2,5 milhões de euros por ano e como isto já tem 2 anos completos são 5 milhões de euros que poupamos, o Rivoli está cheio e nós poupamos 5 milhões de euros, poupamos, não! Gastámos investimos. 2,5 milhões de euros dá para reabilitar um bairro dos mais pequenos portanto dá para melhorar a vida a umas largas dezenas de pessoas para não dizer centenas, é por isso que eu ouço dizer que eu sou de direita fascista e eles são de esquerda e amigos dos pobres...
(palmas)
A sua questão, você parte de uma afirmação que eu também não sei se é integralmente verdade, a minha popularidade não desce até sobe apesar das decisões, vamos partir do pressuposto que é assim também não tenho bem a certeza se é assim, aliás eu estou treinado a ganhar eleições a partir de 10 %, estas a partir de 50% não sei! estou virgem na matéria! portanto podem ser cometidos erros que dê para o torto, eu disto não sei nada, a minha especialidade é ganhar eleições e não ganhar sondagens. Agora ganhei sondagens pela primeira vez até estou admirado. Portanto vamos partir de um princípio, vamos partir de um princípio que é como você disse também não sei bem se é assim. O que eu acho sinceramente quando eu afronto no bom sentido do termo, não é uma afronta no sentido que quero criar uma guerra, mas é quando alguns interesses instalados em diversos sectores pisam a linha, aquilo que eu considero pisar a linha e eu não cedo, isto dá uma guerra enorme por isso é que são interesses instalados, porque se não fossem interesses instalados fossem fracos por isso é que dava uma guerra de todo o tamanho, e dá uma guerra como aqui foi referenciado como deu com o futebol, ou como dá com a comunicação social, ou com o sistema judicial, ou com os agentes culturais, o que eu acho é que precisamos de tempo, não conseguimos no imediato mas se tivermos uma linha de conduta e uma coerência e as pessoas sentirem que isto é feito com convicção, nós despertamos mais a atenção das pessoas para tentarem interpretar o porquê da nossa acção e quando assim é temos a possibilidade de as pessoas entenderem, umas sim e outras não e aderirem à causa e com isto ao contrário do que possa parecer a popularidade não baixar ou não, eu estou convencido que hoje e lido com isso com alguma atenção, eu estou convencido que hoje muitas vezes quando a comunicação social deliberadamente pretende permanentemente criticar alguém, se esse alguém tiver alguma habilidade com facilidade o tiro sai-lhe pela culatra, porque a própria comunicação social está hoje muito desacreditada e sabe-se perfeitamente que muitas vezes faz isso, e portanto aquilo que eu muitas vezes faço é não responder mas agir, mas não agir no dia seguinte porque agir no dia seguinte é responder, é agir com o tempo de forma a que não dê qualquer espécie de sustentabilidade ao que se diz através de acções que se vão fazendo, que tenham alguma coerência, é a melhor maneira de responder entre aspas, ou seja não responder no imediato entrar em polémica salvo em situações excepcionais, é isto que eu faço. Você diz que a popularidade não baixa e eu espero que você tenha razão.
(palmas)
Dep.Carlos Coelho
Grupo verde Ricardo Abreu.
Ricardo Abreu
Obrigado Sr. Reitor, boa noite, caro Dr. Rui Rio estamos à porta de mais um escrutínio eleitoral, o seu último para a Câmara Municipal do Porto, qual é o seu sentimento (se é que já o tem), de dentro de alguns anos deixar inevitavelmente por força de uma Lei a Câmara Municipal do Porto, não podendo assim prosseguir a sua obra?
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado, grupo cinzento Joel Ornelas Cardoso.
Joel Ornelas Cardoso
Desde já gostava de desejar boa noite ao Dr. Rui Rio, e actualmente existe uma descrença substancial nos ideais e apela-se ao voto nas pessoas e no projecto, eu acho que isso acaba por arrefecer o debate político, as eleições autárquicas são provavelmente o ex-líbris do voto na pessoa e no projecto, são aquelas onde melhor se enquadra a proximidade entre o candidato e obviamente o eleitor. Sendo assim e esta é a minha pergunta, é realmente necessário na sua opinião que para abranger um maior número, uma maior fatia do eleitorado se ponha de lado ou se desligue um pouco do tal ideal que na minha opinião vários benefícios traz ao debate político.
Dr.Rui Rio
Vou fazer ao contrário. Vou começar já por si que a sua pergunta é mais complexa e eu não sei se entendi completamente, diga-me se é verdade, o que eu entendi da sua pergunta é, se eu acho que as campanhas eleitorais e a acção depois enquanto governante de uma cidade, deve ter sempre uma lincagem, uma ligação muito forte aos ideais e não procurar esquecê-los, é esta a sua pergunta? Bom, acho que sim, embora eu ache o seguinte, quando se faz a governação de um País naturalmente que isso está muito mais presente, hoje menos que há uns anos atrás por boas e por más razões, boas razões digamos assim é o facto de a sociedade ter evoluído de uma tal maneira que infelizmente nós hoje não temos respostas muito concretas, muito pensadas e muito tratadas para os diversos problemas, porque não há tempo de as pensar porque muda a uma velocidade vertiginosa, é um problema da nossa sociedade, mas de qualquer maneira na governação de um País tem de estar presente. Na governação de uma autarquia está menos presente, se a autarquia for mais pequena ainda está menos presente do que numa grande, mas ainda assim seja numa mais pequena seja numa grande nós devemos ter presente justamente esses ideais. Quando eu faço o diagnóstico da cidade e aponto as soluções que eu acho que devem ser, seja no diagnóstico ou na valorização que eu dou das coisas, seja depois nas soluções que eu dou, há obviamente por detrás disso como pano de fundo, uma ideologia, há uma forma de ver a sociedade e há uma forma de ver a sociedade.O partido comunista das poucas divergências saudáveis que haverá no Porto, (muitas delas são fabricadas para existir divergências), é contra as parcerias público-privadas que eu faço, entendo que o capital privado não deve entrar ali. Esta divergência saudável eu discordo completamente, mas é saudável e é coerente. Aí há alguma coerência. O partido socialista é diferente vota a favor de umas vota contra outras com argumentos para uma, com argumentos para outra, contradiz-se, põe os pés pelas mãos e o Bloco de Esquerda era a mesma coisa, nesse caso o PC era mais coerente. E portanto quando eu digo, isto não se vai fazer por via de um orçamento municipal, um orçamento público, e vai ser feito por via da iniciativa privada, há aqui uma raiz ideológica, e para lá de uma eficiência na gestão. Mas também quando eu deixo de subsidiar um teatro que não tem ninguém lá ninguém dentro, que custa o que custa e pego no dinheiro, encaixo na inclusão social e na luta contra as assimetrias sociais, também está aqui obviamente uma opção de raiz e uma opção ideológica. O que eu fico completamente admirado é com quem me critica devia ser quem devia ter feito isto que eu estou a fazer, mas isso já é uma questão de contradição, portanto o que é que eu lhe queria dizer, acho que é verdade aquilo que você diz, no sentido que não devemos ser fundamentalistas da ideologia porque aí não resolvemos os problemas, mas obviamente que não se consegue estar de uma forma convicta na política se nós não estivermos a seguir aquilo que são ideais para a nossa sociedade, seja no governo muito mais marcadamente, seja numa autarquia, e mesmo obviamente numa autarquia mais pequena onde as questões ideológicas se diluem mais, mas estão sempre presentes porque são seres humanos que têm ideias, e que nós não devemos desprezar isso. A outra questão do último mandato, acho se entendia a sua pergunta, a sua pergunta entendi, a tendência da sua pergunta acho que vou discordar de si, mas não tenho a certeza, se calhar vamos concordar. Pareceu-me que da forma como o disse que discorda da lei. Eu concordo, sinceramente eu concordo, eu aceito que é polémico, aceito que se diga assim “bom, está aqui esta pessoa, que a população democraticamente elegeu 3 vezes e que quer eleger pela 4ª vez, e não pode impedimento. Eu percebo esse argumento mas postas as coisas no prato da balança, considerando o enquistamento que se cria muitas vezes nas instituições neste caso nas câmaras municipais, considerando o próprio cansaço que a pessoa tem ao nível da criatividade ao fim de algum tempo e que ela de mote próprio não tenha força para sair, não consegue sair, quer continuar apesar de vontade de reconhecer que a sua criatividade, a sua vitalidade para aquele cargo já está um poço esgotada porque isto é muito exigente, tendo em vista alguns exemplos que nós temos no País, tudo equilibrado eu sou favorável, sinceramente eu sou favorável a que se confine a 3 mandatos neste caso, podia ser a 2 ou a 3 ou a 4, depende, eu acho bem os 3. Mas também digo uma coisa, por mim os mandatos deveriam ter 5 anos, disse isso por diversas vezes, para garantir uma maior estabilidade, maior sustentabilidade, mas acho que, assim como para a Presidência da República, também há um limite de 2 mandatos e não é por isso que a democracia está em perigo, também podíamos pensar na mesma maneira. E portanto, por maioria de razão até pelo enquistamento que muitas vezes há é a minha convicção, aceito a outra opinião e até tenho dúvidas se os argumentos levados para a mesa serão mais fortes que os meus, mas eu estou confortável com o facto se ganhar ser o último mandato.
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado, vamos para o grupo roxo, Jorge Pereira.
Jorge Pereira
Boa noite, Dr. Rui Rio falou há pouco de crescimento urbano, de qualidade urbana. Nós vivemos num País que é bastante assimétrico e portanto a grande maioria da população concentra-se no litoral, e muitos dos problemas urbanos advêm destas simetrias. Estando hoje particularmente numa região bastante desfavorecida, que medidas considera importantes para reduzir esta assimetria regional? Obrigado.
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado, grupo castanho, Marina Machado.
Marina Gabriela Machado
Boa noite, em primeiro lugar gostaria de felicitá-lo pela importância que atribui a questões ambientais, como a realização anual da semana do ambiente, na reabilitação ribeirinha, na reabilitação dos prédios sociais onde serão implantados painéis solares para aquecimento de água e gás natural para refrigeração e aquecimento, visto que estas habitações serão habitadas por pessoas com baixo grau de habilitação, até que ponto será a implementação das energias renováveis viáveis? Obrigado.
Dr.Rui Rio
Muito bem, a 1ªpergunta do Jorge Pereira é dificílima de responder e não sei se há alguém capaz de responder, sinceramente. Para já vamos partir do princípio que queremos equilibrar o País e que não o queremos ter todo em Lisboa e no litoral, vamos partir do princípio que estamos desse lado. Eu estou desse lado mas admito que até haja alguém que não esteja. Partindo do princípio que queremos isso, que medidas temos ao nosso alcance para que assim seja? Eu acho que já se ensaiaram muitas medidas, umas de boa fé acreditando que iam resultar, outras só para, aqui não é “inglês ver”, é para português ver, e conseguir alguns votos. Sinceramente a única coisa que sou capaz de dizer sobres esta matéria é o seguinte, se nós tivermos isso como uma preocupação genuína, seja na governação do país, seja mesmo na governação das grandes cidades, e de cada vez que tomarmos uma decisão possa ter a ver com isso, nos preocuparmo-nos com esse factor, talvez consigamos ajudar a reequilibrar o País, acho que é impossível pegarmos numa folha, termos um cardápio e dizer que vou baixar a taxa de não sei de quê no interior, e construir mais uma estrada para o interior, e mais isto e mais aquilo, que muitas vezes como já disse foi feito de boa fé, e infelizmente sem sucesso. E é algo que eu considero nuclear, decisivo para a nossa qualidade de vida, para a nossa qualidade de vida aqui e para a nossa qualidade de vida no litoral a começar por Lisboa que é se calhar a cidade que tem pior qualidade de vida em Portugal apesar de ter o PIB per capita mais alto, porque isto não se pode medir só pelo PIB per capita, e portanto enquanto no interior faltam serviços básicos e fundamentais e de qualidade para as populações, depois temos em grandes centros urbanos, designadamente em Lisboa e grande parte no Porto, mas fundamentalmente em Lisboa, grandes centros urbanos, uma concentração tal que inferniza a qualidade de vida de quem lá vive. Portanto a única coisa que lhe sei dizer com sinceridade, é que nos devemos preocupar a sério com isto e sempre que tomamos decisões, termos isto como centro nevrálgico e tomarmos sempre aquela decisão que entendemos que vai responder melhor a isso. Aqui encaixa-se também, o Presidente da Câmara Municipal do Porto enquanto tal, porque quando o Presidente da Câmara Municipal do Porto ou da Câmara Municipal de Lisboa faz como foi feito no passado, por exemplo, eu ao bocado referi o índice do PDM do Porto que é 08, o índice do PDM no Porto, quando eu lá cheguei, não era o PDM, era um nome qualquer assim, não sou técnico nessa coisa, mas o índice o que permitia, permitia índice de 2 ou de 3 de construção, obviamente se eu estou num sítio onde já há muita construção, preocupado com o crescimento, como disse ao bocado como não deve estar, metendo mais pessoas ali, naturalmente que o poder de sucção sobre tudo o que está à volta, e agora já não é só o Porto, é a Área Metropolitana toda ou a Área Metropolitana de Lisboa, tem um poder de sucção tal que é quase impossível de resistir em Bragança ou Castelo Branco ou Portalegre. Portanto, também os autarcas principalmente do litoral e das grandes cidades tiveram responsabilidades ao permitir tanta construção, ir mais para o crescimentos e menos para o desenvolvimento. Tiveram responsabilidades da forma como o País está que não está bem definitivamente desse ponto de vista. Mas como lhe digo não tenho uma varinha de condão, uma medida aqui e outra medida acolá toda a gente tem. Acho que devemos ter sempre essa preocupação designadamente quando fazemos obras públicas que têm mais impacto sobre essa matéria. Relativamente à questão ambiental, nós criámos a Agência de Energia do Porto e uma das funções que tem a Agência de Energia do Porto, é uma função iminentemente pedagógica, portanto isso também passa muito pela pedagogia, e portanto nós metemos à frente da agência uma pessoa o Dr. Oliveira Fernandes que é uma autoridade em Portugal sobre estas matérias e com quem eu próprio tenho aprendido bastante. Acho que vale a pena traçar esse caminho, por exemplo uma das coisas que nós vamos fazer é instalar para já 5 mil metros quadrados de painéis solares em habitação social. Devemos começar justamente por essas pessoas que possam ter uma maior dificuldade em perceber a importância do que estamos a fazer, podemos começar exactamente por essa população explicando e ajudando a educar essa população para a importância da energia, a importância dos recursos naturais. Assinei o Pacto dos Mayors em Bruxelas e comprometemo-nos a reduzir 20% das emissões de CO2 até 2020, eu acho que vamos conseguir mais mas não é por sermos fantásticos, é porque estamos muito mal! E como estamos muito mal eu acho que vamos reduzir mais de 20%, mas sinceramente eu digo que vale a pena apostar e apostar fundamentalmente também em pessoas, temos de fazer uma pedagogia mais persistente.
Dep.Carlos Coelho
Sr. Dr. Rui Rio, nós temos uma tradição na Universidade de Verão (que aliás conhece bem), que é deixar a última palavra ao nosso convidado. Já beneficiou dessa prerrogativa há 4 anos aqui esta Universidade também na Universidade do Poder Local onde também nos deu o prazer e a honra de estar connosco, e portanto esta é a última oportunidade que eu tenho para usar o microfone. E antes de fazê-lo para a razão mais importante, aproveito para dizer duas coisas: primeiro que nos vamos ter a chamada “Gala do Boneco” a nossa iniciativa extra curricular às 11.15h na sala de aula lá em baixo, portanto estão todos convidados para participar nessa gala às 11.15h na sala de lá de baixo. Assim que terminar este jantar conferência, passados alguns minutos, estaremos em condições de entregar aos grupos que são oposições na simulação da Assembleia os documentos elaborados pelos grupos que vão ser governo nas mesmas simulações, ou seja os Programas de Governo, as Resoluções de Conselho de Ministros ou as Proposta de Lei conforme a decisão soberana de cada um dos grupos que são governo. E a razão principal para usar da palavra é para em nosso nome agradecer ao Dr. Rui Rio uma vez mais, o sacrifício que ele fez, porque ele hoje veio do Porto para Lisboa, foi àquela iniciativa que vos referiu no início do jantar e que justificou que não pudesse estar por razões completamente compreensíveis às 20h00, (era humanamente impossível sair às 19h de Lisboa e estar aqui às 20h), e a seguir a isto, ainda vai estar connosco algum tempo, provavelmente estará esta noite connosco no hotel, decidirá ou não se quer ver a nossa “Gala do Boneco” mas em qualquer circunstância terá ocasião de falar com alguns de nós ainda durante a noite, e amanhã regressará ao Porto às suas actividades políticas. Muito obrigado Dr. Rui Rio por tem vindo até nós na Universidade de Verão 2009. E vamos à última ronda de perguntas, Isabel Ortigão, grupo laranja.
(Aplausos)
Isabel Ortigão
Boa noite Dr. Rui Rio, enquanto portuense queria–lhe dizer que é um enorme prazer tê-lo aqui entre nós. No que concerne à nossa pergunta a questão é a seguinte, sabemos que o norte de Portugal é uma das regiões mais pobres da União Europeia, a questão que lhe queria colocar era que medidas é que entende que deveriam ser tomadas para mudar esta situação? Obrigada.
Dep.Carlos Coelho
muito obrigado, última pergunta, grupo rosa Marco Saldanha.
Marco Saldanha
Boa noite Dr. Rui Rio, no programa “Porto a RX” o Dr. Rui Rio e o seu executivo, em conjunto com os núcleos e secções do PSD, da JSD do Porto, procuraram várias lacunas em diversos aspectos da cidade. Depois de ter encontrado essas falhas, o que acha que ainda faz falta mudar para que o Porto se torne ainda mais numa cidade modelo? Obrigado.
Dr.Rui Rio
Muito bem, a questão do Norte, bom, há diversos factores para que o Norte esteja nesta situação, um dos quais é a grande industrialização de mão-de-obra intensiva que temos numa área em concreto, principalmente na zona de Braga, Distrito de Braga, mas eu queria dizer aqui uma coisa que está no espírito das pessoas e não corresponde muito à verdade. Nós temos vindo, na Junta Metropolitana do Porto, a criticar, (aliás até movemos uma acção em Bruxelas), porque há verbas do QREN que são alocadas à região Norte, que são alocadas às regiões de convergência, (o norte é uma delas), metade das verbas nacionais das regiões de convergência são para o norte, o norte vale metade dessas verbas, e como a região de Lisboa e vale do Tejo, neste caso concreto, não tem direito a verbas da convergência a verdade é que o PS, o governo do PS, inventou um subterfúgio em que podem ser investidos em Lisboa verbas que tenham em vista a convergência caso se entenda que esse projecto embora esteja em Lisboa é decisivo para o desenvolvimento das regiões de convergência, por exemplo, o site da Direcção Nacional da PSP é pago com verbas da convergência porque apesar estar em Lisboa contribui imenso para o desenvolvimento de Portalegre. Portanto, é assim que está gerido uma parte do QREN.
(palmas)
Porque Portalegre também é uma das regiões de convergência como também somos. Bom, isto que está a ser feito nesta escala, não é?, nunca foi feito antes, nesta escala, mas todos temos consciência, aliás deixe-me dizer uma coisa, no fim quando fizemos acontabilidade do QREN, o site da Direcção Nacional da PSP vai aparecer como verba de convergência, 50% das verbas do Porto, X% do Alentejo, etc., portanto contabilisticamente vai ser tudo aplicado em convergência mas é desta maneira, está a ser assim enós temos feito oposição. Mas permitam-me que diga, que tenho perfeita consciência, que em todos os QCA houve coisas dessas, e portanto não é verdade que quando se diz que desde Portugal aderiu à União Europeia, o Norte teve milhões e milhões e milhões de euros, ou de escudos, ou de contos, ou da moeda que fosse na altura, de investimento e portanto não se entende que tanto dinheiro tenha sido investido e afinal a região atrasou-se em relação às outras, porque eu tenho consciência que este expediente agora utilizado numa escala muito grande, foi sempre utilizado pelos vários governos numa escala menor mas ao longo de muitos anos também dessa forma. Portanto, contabilisticamente foi feito esse investimento, está a falar do Norte mas também é válido para o Alentejo, mas na realidade as verbas não foram investidas lá. Há também aqui em termos relativos uma escassez de investimento público, em termos relativos, quando comparado com outras regiões, e portanto, quando nós fazemos esta comparação, esta comparação não é correcta porque houve regiões notoriamente mais favorecidas que outras regiões. Mas também quero acrescentar um ponto, que se o Norte tem esse atraso relativo, não podem as pessoas do norte eximirem-se das responsabilidades que têm pelo facto de serem do Norte e em muitas circunstâncias terem posto à frente desses interesses de desenvolvimento do Norte outras coisas que não deveriam pôr, e eu dou um exemplo de hoje, (não é de hoje, as listas entraram em tribunal há uns dias). Eu dou um exemplo que é uma verdadeira afronta, neste caso concreto ao Distrito do Porto, o governante deste governo, que mais prejudicou a Área Metropolitana do Porto foi a Secretária de Estado dos Transportes Ana Paula Vitorino, foi a pessoa que mais prejudicou através do seu sector, designadamente do metro do porto, parou o metro do Porto. Ela é de Lisboa, o Eng. Mário Lino é que leva com tudo porque ele é que é o Ministro mas tem origem ali principalmente na Secretária de Estado. Pois o PS, e o PS do Porto aceita que a Sra. que é de Lisboa e fez isto no Porto vá ser candidata a deputada pelo Porto, eu acho isto uma coisa de outro mundo, portanto não é isto que vai pôr o Porto ou o Norte mais desenvolvido, mas é por aqui que começa, os políticos locais dizerem à Direcção Nacional, neste caso à do PS, dizerem haja algum sentido! Aqui esta Sra. não pode estar! Aceitam, e naturalmente quando as pessoas não se dão ao respeito e têm este tipo de postura, não estamos à espera que depois consigam defender devidamente a sua terra.
(palmas)
Bom, a outra pergunta era, onde é que está o Marco Saldanha? Está ali, a outra pergunta era um jantar porque eu respondi digamos com as prioridades, há bocado analisei o diagnóstico, as principais prioridades, depois fiz algumas referências que entendi que em termos deste auditório era interessante referir, mas ficou muita, muita, muita coisa por referir, obviamente eu para lhe dar uma resposta “o que é preciso fazer ainda no Porto?” Há muita coisa por fazer, mas obviamente é dizer-lhe isto rapidamente é concluir os projecto de reabilitação da habitação e das escolas, e quando eu falo na reabilitação das escolas não é só a parte física, é também os programas pedagógicos extra curriculares, de enriquecimento curricular que é assim que agora se chama, é objectivamente continuar a reabilitação da baixa como diz, é conseguir levar a cabo as parcerias público-privadas que vão melhorar a competitividade da cidade e dar-lhe enormes vantagens no sector do turismo e é depois uma série de coisas que decorrem muito da nossa experiência em que tudo aquilo que temos vindo a fazer, não é necessário fazer diferente mas é necessário fazer cada vez melhor, desde por exemplo a própria manutenção, desde a recolha do lixo, manutenção das ruas, se é do Porto nota que se tem feito um esforço ultimamente, mas que é possível fazer melhor, fazer melhor ao nível da fiscalização, uma data de coisas que é possível fazer melhor, porque também se não fosse possível fazer melhor ou eu não soubesse o melhor era não me candidatar não é? Portanto é muito difícil responder-lhe sintetizado na exacta medida em que teria agora aqui quase que pegar no programa. A última palavra que eu agora queria deixar, não tem nada a ver com a gestão de uma cidade e muito menos com a gestão da cidade do Porto e dizer o seguinte, fui 10 anos deputado, 10 anos e 1 mês e meio, ou coisa assim, portanto entrei no princípio de Novembro de 91 e saí em 8 de Janeiro de 2002. Durante o tempo que estive na assembleia, desenvolvi actividades diversas mas especialmente centradas na comissão de economia e nas finanças. Mas há outros temas que eu também me dediquei, um tema ao qual eu me dediquei muito e os menos jovens recordar-se-ão disso e que tem a ver com o financiamento dos partidos políticos, e até porque entretanto ao longo da minha vida fui responsável pelo financiamento de um partido político, foi este quando fui secretário-geral. Fiz parte das comissões que visavam a alteração da lei de financiamento dos partidos políticos, em todas as comissões, a lei mudava muitas vezes, eu saí da comissão consciente que tínhamos ganho qualquer coisa mas que não havia meio de aceitarem aquilo que eu queria que aceitassem, infelizmente aquilo que era fundamental que eu queria que aceitassem, aceitaram já eu estava na Câmara do Porto, já eu não era Deputado julgo que em 2003, foi acabar com o financiamento privado e aceitar o financiamento público. Não sei se teria sido candidato à Câmara do Porto em 2005 e agora outra vez se a Lei não tivesse mudado, porque significava que um Presidente da Câmara teria que ir bater às portas das empresas e dos empreiteiros pedir dinheiro para a minha campanha. Este homem que está aqui à vossa frente, a 1 mês e tal de eleições, 6 semanas exactas como diz o Carlos Coelho, tinha de amanhã ir bater a portas a pedir dinheiro a algumas pessoas que depois eu ia encontrar como Presidente da Câmara. Eu tenho dúvidas que tivesse aceite ser candidato em 2005 com uma situação dessas, mas a Lei alterou-se. Durante o período que pertenci a essas comissões, eu fiz sempre uma proposta que nunca foi aceite e ainda hoje não foi aceite e que eu acho que é uma proposta fundamental se nós quisermos combater a degradação permanente da qualidade de vida política portuguesa e a degradação permanente da qualidade de vida partidária. E aquilo que foi a minha proposta, inspirada em algo que eu vi, não é da minha mente, mas algo que eu vi, é que no financiamento dos partidos políticos houvesse uma verba consignada à formação política, ou seja, os partidos tinha direito a uma que não recebiam, é mais ou menos como os subsídios que eu disse na Câmara do Porto, mas tinha um plafond que poderiam utilizar em acções de formação política.
(palmas)
esta ideia nasce de algo que vi na Alemanha, não sei se ainda hoje existe, mas na Alemanha havia um instituto para a formação política, visto também de uma forma mais alargada, também tinha livros, isso, presidia o Conselho de Administração o SPD era o Chanceler, vice -presidente era a CDU, hoje provavelmente será ao contrário, a CDU tem mais votos que o SPD provavelmente preside e portanto era aqui mais ou menos hoje, esse conselho de administração seria presidido pelo PS, o PSD teria a vice-presidência e depois haveria um vogal CDS, Bloco de Esquerda, Partido Comunista, mas que geriam apenas aquilo que eram, enfim, as linhas programáticas do instituto no sentido de apoio à formação política. É por isso e com isto que eu quero terminar, dizer que como disse em 2005, e não me canso de repetir, eu fui a Lisboa e vim aqui, fui do Porto a Lisboa e viria aqui ou a mais longe, eu viria sempre porque eu tenho um enorme respeito pela Universidade de Verão e nós temos no partido alguém que desde pequenino, desde pequenino, desde o nosso tempo da JSD sempre conferiu uma enorme importância à formação política e a pouca que se vai fazendo deve-se quase exclusivamente ao Carlos Coelho desde há muitos anos a esta parte.