ACTAS  
 
8/29/2009
Jantar-Conferência com Pedro Santana Lopes
 
Dep.Carlos Coelho
Muito boa noite Dr. Pedro Santana Lopes. Iniciamos os nossos jantares com um momento cultural protagonizado pelos Grupos da Universidade de Verão.

Trata-se da escolha (por cada Grupo) de um poema e da sua leitura aqui na abertura de cada jantar.

Vamos ter hoje dois poemas seleccionados pelos grupos Bege e Rosa.

O Grupo Bege explicará as razões da sua escolha. O Grupo Rosa escolheu um poema de Miguel Torga chamado “A conquista”.

A escolha deste poema prende-se com alguns dos princípios que pautaram esta Universidade de Verão, princípios que julgam serem defendidos também pelo Dr. Santana Lopes: a liberdade como destino (destino esse alcançado através de uma teimosia que se mostra pela persistência e pelo trabalho árduo). Com o título do poema “Conquista” podemos definir esta Universidade de Verão 2009.

A conquista do conhecimento foi alcançada e assim também nós atingimos a meta da liberdade. Será a Rita Ventura a ler este poema do Grupo Rosa e passo a palavra ao Grupo Bege.

 Grupo Bege:

O Grupo Bege escolheu o poema Lisboa de Sophia de Mello Breyner para dedicar ao futuro Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Pedro Santana Lopes.

É uma homenagem sentida da Sophia de Mello Breyner à cidade de Lisboa. Sente-se ao longo deste poema a necessidade da chegada à Lisboa da poetisa, mas neste caso será o Dr. Santana Lopes a dar a volta a Lisboa.

É uma cidade que perdeu o rumo nos últimos tempos. É descrita pela poetisa como uma cidade que anda completamente perdida. É isso que sentimos com o Dr. António Costa. Com o Dr. Pedro Santana Lopes vai ganhar nova identidade, vai crescer Lisboa com sentido.

 
Filipe Almeida

Digo:

"Lisboa"

Quando atravesso - vinda do sul - o rio

E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse

Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna

Em seu longo luzir de azul e rio

Em seu corpo amontoado de colinas -

Vejo-a melhor porque a digo

Tudo se mostra melhor porque digo

Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência

Porque digo

Lisboa com seu nome de ser e de não-ser

Com seus meandros de espanto insónia e lata

E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro

Seu conivente sorrir de intriga e máscara

Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata

Lisboa oscilando como uma grande barca

Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência

Digo o nome da cidade

- Digo para ver

(Aplausos)

 
Rita Ventura

Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida

Mo consente.

Mas a minha aguerrida

Teimosia

É quebrar dia a dia

Um grilhão da corrente.

 

Livre não sou, mas quero a liberdade.

Trago-a dentro de mim como um destino.

E vão lá desdizer o sonho do menino

Que se afogou e flutua

Entre nenúfares de serenidade

Depois de ter a lua!

(Aplausos)

 
Essi Silva

(Depois do Jantar)

 

Essi Silva:

Muito boa noite Dr. Pedro Santana Lopes.

Nós acreditamos em si porque o Sr. Não promete. Age!

Deste modo, em nome do Grupo Encarnado, em nome da JSD e em nome dos lisboetas, queremos brindar pelo futuro de Lisboa. Queremos brindar à nossa vitória no dia 27 de Setembro e no dia 11 de Outubro.

Ao Dr. Santana Lopes!

(Aplausos)

Vozes “Santana” Santana” “Santana

 
Dep.Carlos Coelho
Dr. Pedro Santana Lopes, Sr. Secretário-Geral Adjunto do PSD, Sr. Director Adjunto da Universidade de Verão, Srs. Conselheiros, Srs. Avaliadores, minhas Sras. e meus Srs. Creio que terminamos com chave de ouro a Universidade de Verão de 2009. Tivemos um conjunto muito extenso de aulas, jantares-conferência, de debates com personalidades da vida nacional, uns do PSD outros fora da nossa área política, mas é com especial prazer que recebemos o Dr. Pedro Santana Lopes no último jantar-conferência da Universidade de Verão de 2009. O Dr. Santana Lopes passou pela JSD, foi um militante destacado do PSD onde teve as funções que todos nós sabemos, foi Secretário de Estado da Cultura, foi Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, foi Primeiro Ministro de Portugal, no PSD foi líder parlamentar, foi líder do Partido e está hoje numa batalha fundamental para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa. O Dr. Santana Lopes é um advogado, foi docente universitário, foi investigador, tem uma passagem pela vida política que todos nós conhecemos, tem como hobby ler e tocar piano e fazer desporto, tem como comida preferida bife com batatas fritas e ovo estrelado, não terá sido muito diferente do naco de novilho à JSD que o chefe proporcionou hoje, tem como animal preferido o cavalo, sugere-nos dos livros recentemente lidos “Dar” por Bill Clinton e “A cidade é de todos” por Pedro Santana Lopes, o filme que sugere “As Pontes de Madison County” e a principal qualidade que mais aprecia é a lealdade. Dr. Santana Lopes, eu tenho o privilégio de fazer a primeira pergunta, mas neste caso quase que não precisaria de a fazer, tendo-o entre nós creio que a única pergunta que lhe posso fazer é aquela que qualquer um de nós poderia formalizar: o Sr. foi líder do partido, foi primeiro ministro de Portugal, é candidato à Câmara de Lisboa, sabemos que dentro de 4 semanas temos um combate duro para devolver dignidade e eficácia ao governo da República e dentro de 6 semanas, para devolver aos lisboetas uma Câmara Municipal onde possam confiar. É uma campanha em que temos protagonistas, em que temos programa, em que temos projecto, em que temos medidas. A questão que se coloca é a de se saber se a nossa convicção, a nossa da família social-democrata pode ou não ter eco na maioria dos portugueses. Portanto para início de conversa Dr. Pedro Santana Lopes, a minha pergunta é esta: na sua opinião acha se os portugueses estão em condições de perceber a mensagem de mudança que Manuela Ferreira Leite apresenta para a República e que o Sr. também protagoniza para a Câmara Municipal de Lisboa?

 Minhas Sra. e meus Srs., para responder à minha pergunta e às vossas perguntas, no último jantar da Universidade de Verão de 2009, o Dr. Pedro Santana Lopes.

 (palmas)

 
Dr.Pedro Santana Lopes
Agradeço o convite para estar de novo aqui na Universidade de Verão, felicito o Sr. Reitor, felicito todos aqueles que contribuem para o sucesso desta iniciativa, cumprimento os dirigentes nacionais do PSD, da JSD, o Sr. Presidente da Câmara, os autarcas aqui presentes, o grupo azul que hoje aqui me recebe, que é meu anfitrião, nosso anfitrião aqui na mesa, e felicito também enfim os organizadores deste jantar, os responsáveis por esta unidade hoteleira até pelos pormenores, os pormenores são muito importantes, mas pelas cores, pelo requinte, pelo gosto, pelo cuidado por esta iniciativa e por todos nós que participamos nela. Eu estive antes nesta Universidade em 2004, exercia então o cargo de Primeiro-ministro, isto há 5 anos, e lembro-me na altura, anunciei aqui a intenção do governo de então de adoptar as taxas moderadoras progressivas, em função dos rendimentos. Na altura fomos muito acossados, nomeadamente pelo Presidente da República de então, e essa medida veio depois ser assumida de uma forma gravosa nomeadamente para as cirurgias e pequenos internamentos pelo governo do Partido Socialista sem oposição do mesmo Presidente da República Dr. Jorge Sampaio. Isto para uma breve evocação a propósito da questão que me foi posta pelo Sr. Reitor, se temos escolhas claras nos próximos actos eleitorais? Eu penso que sim, a nível nacional penso que temos antes do mais clareza na escolha quanto à maneira de estar, quanto à maneira de ver o Estado, quanto à maneira de ver a política, quanto à maneira de ver o modo de governar. Não gosto falar de seriedade, partimos todos do princípio de que as pessoas são todas sérias, são todas íntegras, mas há uma maneira de estar no Estado como na vida em geral, que põe de lado aquilo que é secundário, aquilo que é acessório e preza aquilo que é essencial. Aquilo que é essencial na política é gerir bem os recursos públicos e pô-los ao serviço da melhoria das condições de vida das pessoas. Entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates, penso que as diferenças são nítidas e serão nítidas cada vez mais ao longo das próximas semanas Manuela Ferreira Leite não utiliza a propaganda como instrumento principal da governação. De Manuela Ferreira Leite espero aquilo que tem de ser apanágio sempre dos sociais-democratas fazerem depois das eleições o que disseram ás pessoas antes o que iam fazer e não agir como agiu o actual primeiro ministro que em debates comigo em 2005, anunciou as mais variadas promessas, nomeadamente a criação dos 150 mil postos de trabalho entre outras que depois foi pondo de lado, medida após medida, a partir da desculpa de um défice imaginário, que com a colaboração de Victor Constâncio, engendrou para o orçamento de 2005. Manuela Ferreira Leite disse muito bem há semanas na televisão, que nunca se viu farsa igual, a propósito da auditoria futurista que na altura foi realizada ao orçamento de 2005. Neste momento estamos com uma crise grande, com uma desagregação social, com uma desagregação institucional em vários poderes do Estado, eu penso que a atitude de relação com o estado, com a comunidade, a maneira de se estar na política, a rejeição da política-espectáculo, de ser igual a si própria, rejeitar metamorfoses, rejeitar transfigurar-se, rejeitar ser diferente de quem é, apresentar-se aos portugueses na essência da sua maneira de ser, e com verdade nas propostas realistas que pode apresentar, convencida de que as pode realizar, gerir os recursos disponíveis com parcimónia, estabelecer prioridades com sensibilidade social, rejeitar os grandes investimentos públicos neste momento contrários àquelas que são as necessidades mais prementes da sociedade portuguesa e que estão ao nível das micro, e das pequenas e médias empresas, do apoio às famílias, do apoio aos mais desprotegidos. Manuela Ferreira Leite no debate das directas comigo e com Pedro Passos Coelho à um ano e há alguns meses, falou pela primeira vez na política portuguesa dos novos pobres, antevendo já aquilo que iria acontecer no desenvolvimento social em Portugal face nomeadamente ao chegar da crise que o governo do PS e José Sócrates não conseguiram prever, não conseguiram preparar, não conseguiram antecipar e com a qual tem um enorme dificuldade em lidar, parece que só sabem lidar com crise quando alguns indicadores menos positivos chegam, em vez de estarem no seu meio ambiente natural que é deitarem os foguetes antes da festa e neste caso a festa só pode ser o progresso e as melhorias das condições de vida dos portugueses. Em Lisboa, eu penso que a escolha é clara embora aí naturalmente tenha um interesse muito próprio.

Mas deixem-me só aí dar um exemplo da maneira de gerir as coisas a proposto da política espectáculo e da maneira do arrumar a casa. Ouvirão concerteza falar ao longo destes anos muito na altura de um vereador que se candidata outra vez, José Sá Fernandes, a propósito de uma obra, o túnel do Marquês, que foi embargada. Passaram os anos e quase toda a gente diz bem dessa obra, ouvirão falar muito do projecto que eu tinha no mandato anterior para a reabilitação do Parque Mayer e de uma verba que foi paga pelo estudo prévio, cerca de 2 milhões de euros ao arquitecto Frank Gehry, estudo prévio que foi deitado fora por aqueles que chegaram depois ao poder que têm aquela atitude infantil de rejeitar tudo o que os seus antecessores fizeram. Agora em Lisboa neste momento, uma quantia equivalente das contrapartidas iniciais de casino, ou seja, as que estão no Decreto-Lei do governo de Durão Barroso, para financiar a construção dos teatros e outros equipamentos do Parque Mayer, são desviados 2 milhões de euros para pagar este festival de cantigas, durante um mês até dia 11 de Outubro, nas próximas eleições.

 (palmas)

 E é por isso que vos digo, aqui há pouco o grupo encarnado, quando foi feito o brinde, houve quem dissesse que eu ajo, eu penso que gostamos todos de agir, e não gostamos de inventar desculpas fáceis para a incapacidade que se patenteia no exercício de determinado cargo.

Lisboa é um desfio fascinante, Lisboa é um desfio tremendo, Lisboa está triste, Lisboa está mal cuidada, Lisboa está cheia de intervenções por parte do poder central nomeadamente no Terreiro do Paço, na zona entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, com poder dado a mais ao governo e poder a menos à Câmara, e há uma diferença muito grande nisto tudo, é como a Câmara Municipal. Eu já fui Presidente de Câmara na Figueira da Foz e em Lisboa e quero voltar a ser em Lisboa. Um Presidente de Câmara, um Presidente de Junta, um Vereador mais do que qualquer outro cargo político tem de ter paixão por aquilo que faz, exercer esse cargo por favor quase porque foi escolhido entre vários para se candidatar a uma eleição numa altura que a câmara tinha caído não dá, as pessoas notam, as pessoas vêem quem exerce essas funções com entrega, com amor permitam-me o termo, com paixão e quem exerce como poderia estar a exercer outro cargo qualquer. É por isso Sr. Reitor que por estas e por outras razões que eu acho que pelo menos (?) até 11 de Outubro as pessoas podem-se queixar de muita coisa, agora não haver clareza nas escolhas, diferença em causa, nos projectos, nos programas, nas equipas, desta vez a democracia esta a funcionar nesse aspecto. Muito obrigado.

 (palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
vamos entrar na primeira ronda de perguntas, vamos fazer duas a duas, grupo cinzento Isabel de Castro.
 
Isabel Peixoto de Castro
Boa noite Dr. Santana Lopes, cabe a mim a honra de abrir este ciclo de questões. Uma das suas bandeiras na campanha autárquica é o repovoamento e reabilitação da cidade de Lisboa. Nesse sentido gostaríamos de perguntar de que forma pretende incentivar o rejuvenescimento das freguesias mais envelhecidas e abandonadas da cidade, e já que estamos perante uma plateia de jovens, que medidas concretas irá tomar para atrair os jovens para essas áreas? Muito obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado Isabel, grupo roxo, Jorge Faria de Sousa.
 
Jorge Faria de Sousa
Dr. Pedro Santana Lopes, em nome do grupo roxo, quero agradecer a sua presença e dizer que é uma grande honra privar aqui consigo. Dr. Pedro Santana Lopes, sou eleitor na Lourinhã mas resido em Lisboa, sinto que viver em Lisboa é hoje ser triste, mais triste para quem a ama. Nesse sentido, acredita que o Terreiro do Paço e a zona ribeirinha são os maiores crimes cometidos à cidade de Lisboa neste tempo. Como tenciona solucioná-los? Obrigado.
 
Dr.Pedro Santana Lopes
Bem, primeira questão do grupo cinzento repovoamento e reabilitação. É a prioridade cimeira juntamente com a reabilitação dos bairros sociais, dos chamados bairros de intervenção prioritária. Há muitas medidas que tem de ser levadas a cabo mas a principal é construir, falávamos disso aqui há pouco, residências que estejam ao alcance do bolso dos estudantes, dos jovens. Já agora um exemplo a esse propósito, lembro-me que decidi já na parte final do mandato anterior a construção de cerca de 750 apartamentos ao pé de Entrecampos, na Av. das Forças Armadas e que foram sorteados para jovens, nomeadamente para jovens universitários. Esta câmara, há cerca de um ano, mudou o plano, mudou o loteamento e tirou cerca de 180 e tal apartamentos e destinou-os a escritórios e tirou a parte cultural também. Isto não é muito falado, são coisas que não são muito faladas, talvez porque por força dos tempos que vivemos, muita agitação, muito debate, muita disputa, mas são factos reais. O essencial é apostar muito na construção nova, na reabilitação e quer na reabilitação quer na construção nova ser intransigente nas bolsas para arrendamento para jovens, ou seja, nos regulamentos da câmara garantir que para cada licença de construção, para cada prédio, há uma percentagem de fogos obrigatória colocada para arrendamento e estabelecer estímulos de ordem fiscal que já existem alguns e outros para ser arrendamento para camadas mais jovens. A tarefa da reabilitação é uma tarefa imensa, mas nós temos de construir principalmente um sistema integrado de habitação no centro de Lisboa com estacionamento em altura como aquele que fiz para quem conhece, no mandato anterior, na Calçada do Conde no Bairro Alto. Em relação ao grupo roxo, Terreiro do Paço/frente ribeirinha, lá está aqui mais um exemplo. A obra no Terreiro do Paço é feita por uma empresa chamada “FRENTE TEJO”, sociedade que é uma sociedade do governo, do Estado, do poder central, onde o município de Lisboa não tem uma única acção, onde não tem um único administrador, onde o Decreto-Lei que cria essa sociedade “FRENTE TEJO” nem uma só vez fala em Câmara Municipal de Lisboa, isto não tem precedentes na história de Lisboa, mesmo na “Parque EXPO” na EXPO98, quando foi constituída a sociedade “Parque EXPO” da qual as Câmaras Municipais de Lisboa e Loures eram accionistas da sociedade, representantes da administração, a “Parque EXPO” não podia decidir sem o acordo digamos sem o acordo dessas câmaras nas questões essenciais, isto tratava-se de fazer cidade de novo, aqui temos uma sociedade chamada “FRENTE TEJO” a intervir em território sagrado da cidade como o Terreiro do Paço sem publicar estudos de tráfego, estudos de impacto ambiental, lembram-se do que exigem aos outros, aos autarcas sociais-democratas, lembram-se do que me foi exigido aquando das obra do túnel do Marquês, o Dr. Sá Fernandes e o Dr. António Costa na altura também apoiou como dirigente do Partido Socialista, defenderam o embargo à obra do túnel do marquês, com base na falta do estudo de impacto ambiental que na altura não era preciso. Agora fazem a obra no Terreiro do Paço, fazem aquele desatino entre a Ribeira das Naus e o Terreiro do Paço e nenhum desses estudos é conhecido, ninguém faz ideia nem do parecer do Instituto do Património. Se puxarem pela memória, verão que há cerca de 12 anos que o Terreiro do Paço está em obras, hoje em dia uma criança, um jovem de 10 anos nunca viu o Terreiro do Paço livre, ver o Cais das Colunas, ter uma relação normal com o rio, à conta de quê? Da governação socialista, da obra do túnel do Terreiro do Paço do metro começou com no de Guterres, depois também eles dizem assim “ah! mas os Srs. também estiveram 2 anos no governo” exactamente, foram os anos, eu fui outra vez eleito Presidente da Câmara de Lisboa cerca de 3 meses depois de arrebentar o túnel, rebentar a obra e encher tudo de água, e tivemos de esperar 1 ano e meio, até vieram os holandeses, o governo de Durão Barroso, nós próprios na câmara a tratar da obra para fazer outro túnel à volta daquele que existia para solidificar toda a estrutura existente. Voltou o PS ao governo, e lá continuam as obras, é o “CIMO TEJO, FRENTE TEJO”, falta uma estação elevatória ali no Terreiro do Paço, falta outra ali ao pé de Santos, ainda falta outra ao pé da estação do oriente, falta a estaca hidrográfica ali ao lado do torreão nascente do Terreiro do Paço, tudo isto são obras que ainda faltam fazer, e nós lá continuamos com obras até final de 2010, 2011. Perguntam-me o que e que eu penso fazer?

O projecto do Terreiro do Paço na praça não está executado, penso que não vai poder estar executado ate às eleições, a obra entre o Cais do Sodré e Terreiro do Paço esta, eu aí peço muita desculpa mas não vou respeitar o que está feito por uma razão fundamenta, está mal feito e não foi feito pela Câmara Municipal de Lisboa, foi feito de modo abusivo por uma sociedade intrusa chamada “FRENTE TEJO” com a qual os lisboetas nada têm a ver, não foram ouvidos nem achados. Eu respeito o trabalho dos meus antecessores, já disse que para o Parque Mayer respeitarei o trabalho que foi feito por arquitectos portugueses, com base num concurso que decorreu normalmente feito pela Câmara de Lisboa, exactamente porque nos não somos como essas pessoas, quando chegamos ao poder não atiramos o trabalho fora feitos pelos nossos antecessores e procuramos aproveitar aquilo que está feito…

 (palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
Grupo castanho, André da Silva Mota.
 
André da Silva Mota
Muito boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, queria ir buscar uma imagem de há uns tempos atrás. Conhecemos o “menino guerreiro”, ouvimos falar do “menino guerreiro”, e hoje verificamos que a guerra que tem vindo a assolar esta questão é mais de termos nacionais, não tanto em termos autárquicos, gostaria de lhe questionar verificando agora que já será um bocadinho mais sábio, será um sábio guerreiro tendo em conta a análise que tem sido feita nestes últimos tempos, gostaria de o questionar sobre o terrorismo, esta nova forma de fazer guerra que tem assolado o nosso país, essencialmente em algumas facções políticas e gostaria de saber a sua opinião sobre o terrorismo actual na política, muito obrigado.
 
Dep.Carlos Coelho
Grupo laranja, Carlos Maciel.
 
Carlos Maciel
Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, daqui lhe endereço um cumprimento do meu grupo e aproveito também o saudar por parte do presidente da minha distrital, o Zé Arieiro. Desculpe lá um bocadinho eu fazer uma pergunta que não tem nada a ver com Lisboa, mas eu não tenho conhecimento dessa cidade. Muitos estão recordados de o ver renascer políticamente durante os últimos anos, fazendo de si uma espécie tipo Fénix política que renasce sempre das cinzas mas também um case study. Gostava de lhe perguntar qual a estratégia a seguir nestes casos e como deve um político lidar perante o sucesso mas também perante o fracasso, muito obrigado.
 
Dr.Pedro Santana Lopes
Já vi que esta questão apareceu-me aqui de várias maneiras e no meio de tantas eu tive que escolher duas, portanto já vi que suscita curiosidade esse tema. Mas primeiro o terrorismo, falou metaforicamente ou não o terrorismo em Portugal? Isso também é um tema vastíssimo, não me levem para temas falados aqui ao longo da semana, às vezes de que eu não quero falar, quero mesmo ver se evito falar. Agora, a mim choca-me, choca a todos nós qualquer forma de terrorismo, penso que é possível fazer política, divergir políticamente, divergir políticamente sem fazer terrorismo, sem agredir as pessoas. Ainda hoje estava a ler parte da imprensa do fim-de-semana, enfim estava a meditar um pouco sobre isso, coisas que aqui já foram ditas, coisas que depois li, agora a nossa democracia está muito imperfeita, eu diria que está cada vez mais imperfeita, infelizmente nos últimos anos tem-se degradado nos termos do seu funcionamento. Continua a ser o melhor dos regimes políticos, ou o menos mau dos regimes políticos, agora faz muita impressão ver os direitos das pessoas a serem constantemente postos em causa. Há uma coisa que eu lhe garanto, acho que é um caminho muito curto, tentar fazer política nas questões essenciais nomeadamente as dos direitos, liberdades e garantias com base em feitos fáceis, com base em tiradas que normalmente suscitam aplausos. Ter coragem em política não é estar ao lado de quem acusa, é estar do lado de quem é acusado, ter coragem em política não é estar ao lado de quem decide, é estar do lado de quem está sujeito a decisões, ter coragem em política não é dizer aquilo que quem dá no momento todos gostam de ouvir, é dizer o contrário daquilo que às vezes todos gostam de ouvir quando isso está de acordo com os princípios e valores fundamentais da democracia. E eu acho que em Portugal hoje em dia vivemos muito desses efeitos fáceis, acho que o fundamental nas questões da moral e da ética é a atitude individual e são os princípios de um estado democrático de direito, a consciência das pessoas, e nós com as opções diferentes que fazemos, cada um de nós nas diferentes fases da vida, sujeitamo-nos à nossa própria avaliação, à avaliação dos outros e para quem é crente à avaliação da providência, dos poderes transcendentais, dos poderes do divino. Agora, eu não querendo como lhe digo, entrar por determinados caminhos devo-lhe dizer que prezo muito a coragem de quem defende aqueles que estão a levar com pedras, daqueles que estão a ser apedrejados. Os que quando vêm alguém a ser apedrejado se põem do lado dos que lançam pedras, isso não é preciso coragem nenhuma, é a única coisa que eu gostava de dizer sobre algumas maneiras de fazer política ou de se estar na política. Há várias formas de terrorismo, à várias formas de terrorismo, e talvez a pior de todas seja explodir a crença das pessoas na política, na acção política. E esse terrorismo hoje em dia também é muito frequente porque infelizmente as pessoas como já aqui referimos, dizem em campanha aquilo que depois não cumprem depois de serem eleitos, nós às vezes podemos não conseguir fazer aquilo que queremos, como aconteceu por exemplo quando há pouco referi com um dos projectos de Lisboa, do Parque Mayer, nós temos que lutar com todas as forças para fazermos aquilo que prometemos às pessoas que íamos fazer, se depois não é possível fazer por algo que nos transcende, até por uma maioria contrária no órgão liberativo, seja o que for, é outra coisa, agora esquecermo-nos das promessas, apanharmo-nos no poder e dizer assim “quero lá saber, já cá estou, agora vou ver o que é possível fazer”, esquecer o que se prometeu, isso é fazer explodir a crença que as pessoas devem ter na política e na actividade política. Por isso eu tenho um certo gosto, e ao mesmo tempo um certo gozo devo-lhe dizer, gozo no bom sentido da palavra, no consolo interior, de ver muitas das matérias que ainda hoje se debatem em Lisboa, são as matérias que eu falei na campanha eleitoral de 2001, umas feitas, outras por fazer, isso faz parte da condição humana e da actividade humana e só tenho pena que outros temas, outras ideias, outras propostas, outros projectos, outros obras, outros caminhos não venham para cima da mesa para todos ficarmos enriquecidos e podermos até propostas mais actualizadas. Portanto, quanto ao terrorismo na política, quanto ao terrorismo que se pratica em Portugal, há outros: há o terrorismo da discriminação entre o litoral e o interior, entre várias regiões do país, distribuição cada vez mais caricata, cada vez mais centralizada nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e o país continua adormecido para esta realidade, continua a não perceber que tem de retirar serviços de Lisboa e pô-los noutros sítios de Portugal…

 (palmas)

 Pedro Santana Lopes – e lembram-se, e quando alguns os fazem com Secretarias de Estado para dar o exemplo, ou com Direcções Gerais ou seja o que for, as pessoas vão pelo lado da caricatura, da sátira, quando o caminho tem de ser esse, em vez de levar serviços, empresas para Lisboa, dar estímulos como a Manuela Ferreira Leite agora propõe no seu programa de reforços e estímulos fiscais para a localização das empresas no interior, é esse o caminho, essa é uma forma de terrorismo que faz explodir a capacidade de Portugal crescer e se desenvolver de forma sustentável, porque deste modo tão desequilibrado não há outro país aqui da Europa próxima de nós principalmente, mas quase toda ela, que tenha um desequilíbrio tão grande, com simetrias tão grandes. Ainda hoje estava a ler um livro que vos recomendo também, sobre os enganos da economia de Álvaro Martins Pereira, que é um livro muito interessante que fala por exemplo dos 2 Algarves, do Alentejo. É um livro de um professor da Universidade de York onde esteve Cavaco Silva, que é muito interessante, sobre alguns mitos que existem na sociedade portuguesa e algumas correcções de trajectória que temos de fazer rapidamente para que este país não perca o comboio do desenvolvimento, nomeadamente quando a retoma agora aparecer. A esse propósito, eu falei há pouco na questão da saúde, não acho que seja possível existirem “Pactos de Regime” na saúde, mas já acho que é possível face a tudo o que aconteceu nesta legislatura e anteriores. Existiram acordos entre os principais partidos para a política de educação, para as grande linhas, os estudantes não podem estar sujeitos cada vez que entra um novo governo aja uma alteração ao Estatuto do Aluno, depois entra outro governo e há outro Estatuto do Aluno, depois à alunos que durante 2 anos não chumbam por faltas até ao 9º ano, ou podem estar sujeitos a provas de reavaliação ou de inserção, depois daí a outros 2 anos que entra novo governo, os irmão mais novos já tem outro regime de faltas… Portugal precisa de estabilidade, ainda hoje estive a reler o que o Carlos Coelho conhece melhor do que nós todos, os indicadores fornecidos pela OCDE, o lugar onde aparece Portugal em relação a todos os indicadores de sucesso de uma política educativa, lá temos o México, a Turquia nuns indicadores em lugares paupérrimos, mas Portugal continua a aparecer em último lugar, por ex. trabalhadores entre os 25 e os 34 anos são 1/3 do ensino secundário, Espanha e Itália são 2/3 do ensino secundário, ler todos aqueles indicadores e aflitivo e gastarmos em termos comparativos em relação ao PIB mais do que a maioria dos países que nos circundam. E por isso a política educativa precisa de estabilidade contra os modelos de avaliação, contra as regras de frequência, as regras de avaliação, as regras de assiduidade, contra os curriculas. Os pactos de regime, a natureza das matérias variam em função dos tempo. Houve um tempo que era mais sobre a União Europeia, a política externa, a política da defesa, a nova lei das forças armadas, a Lei da programação militar! Neste tempo em que vivemos, depois de toda a polémica que houve nesta Legislatura, acho que era um bom sinal para o país fazer esse acordo de regime para a política educativa. Outro indicador, o pouco que se investe no ensino privado em Portugal, como os países Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, são todos países que investem mais do que 1%, 2% ou 3% no caso da Coreia, no apoio ao ensino privado, que tão excelentes resultados dá e que tanto contribui para a formação e para a qualificação, para o desenvolvimento, e nós…, sabe quanto é que representa o nosso (?) 0,1%! Está na altura se as pessoas quiserem de parar e olhar para não voltarem a dizer sempre as mesmas coisas, os mesmos programas, é por isso que eu gosto do programa da Dra. Manuela Ferreira Leite. É contido e não diz aquilo que não pode e não diz aquilo que não sabe. Há coisas que ainda não podemos saber com o tempo em que vivemos em relação aos meses que aí vem, quanto mais em relação aos anos que aí vêm. Mas definir a linha de rumo sim! ter princípios sim! valores sim! E saber quais são as principais questões, saber ao que se diz NÃO de certeza e saber com convicção aquilo que se pode dizer SIM.

 (Palmas)

 Pedro Santana Lopes – A outra questão que me foi colocada é de resposta mais difícil. Da estratégia para os momentos de sucessos e para os momentos de insucesso, eu vou tentar responder de um modo muito breve que julgo que referi na noite das eleições de 2005, Fevereiro de 2005. Se querem uma receita, a receita é esta, nunca, e a primeira parte é a mais importante, nunca nos impressionarmos muito com os momentos de sucesso, se porventura seguirem a vida política ou noutras actividades na vida, vida profissional, privada, seja o que for, quando estiverem a ver toda a gente a olhar para vós e a dizer, e a admirar, e a olharem, como é que é possível, ou a pensarem como são bons, não liguem! Passa num instante! Na vida como na natureza tudo é provisório, eu digo sempre aos que trabalham comigo e os que trabalham comigo de perto sabem, os mandatos normalmente são de 4 anos, e quando vejo alguém com um ar um bocadinho mais importante digo sempre “daqui a 2 anos e 2 meses, depende do tempo que falta, está outra vez a dar aulas, daqui a 1 ano e 8 meses está novamente na repartição, esse ar emproado vai-lhe passar num instante”, a receita principal é quando temos sucesso não ligarmos muito, isso também dá força para que quando as coisas correm mal, muito mal também não nos impressionarmos de demasia. Há um pressuposto: é termos a consciência tranquila, podemos ter feito, ter errado, ter avaliado mal, termos agido mal, agora temos de estar seguros que demos tudo, trabalhámos muito e que fomos sempre honrados que é o principal. Se tivermos a consciência tranquila, o motor volta a arrancar, se a consciência não estiver descansada é mais difícil, eu diria, a principal receita, se me permitem eu aconselho, a opinião que dou é nunca se ligar muito. Em 2002, 3, 4 quando fui para o governo, eu era presidente da Câmara de Lisboa, nº 2 do partido, dizia-se que eu ia disputar a Presidência da República. E eu dizia isto, que dizia aos meus amigos mais próximos, para não ligar! Uns meses depois, nem Primeiro-Ministro, nem Presidente da Câmara de Lisboa que o meu partido também não quis, e que provavelmente não ganharia também, nem candidato a nada, e a vida é isto, a vida são vitórias sem derrotas, quem pensa que ganha sempre está completamente iludido, quem pensa que perde sempre, precisa de uma ajuda porque também não e verdade.

 (palmas)

 Pedro Santana Lopes – Neste meu livro “A Cidade é de Todos”, para além de o dedicar ao meu pai e a minha mãe, a outra dedicatória que faço é “e para todas as pessoas que têm dificuldade de acreditar nas voltas que a vida dá”, e a vida dá muitas voltas, muito obrigado.

(Palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
Grupo rosa Carla Marcelino.
 
Carla Marcelino
Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, fez um trabalho fenomenal na Figueira da Foz, através das suas brilhantes apostas no turismo, a reabilitação da zona do picadeiro conseguiu dar mais brilho aquela cidade, colocou-a no mapa nacional. Em Lisboa fez obra e desde que saiu nada de novo parece ter acontecido. Acredita que agora, com mais experiência autárquica e com um desafio muito maior que o que teve no anterior mandato à frente da Câmara Municipal de Lisboa, irá conseguir fazer renascer outra cidade? E quais serão as suas intervenções quando for eleito, especialmente em políticas de juventude? Obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
Grupo encarnado, João Janes

 

 
João Janes
Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, agradeço a sua enriquecedora presença neste jantar. Há cerca de ano e meio se bem me lembro, visitei pela primeira vez o bairro de Alfama. Gostei muito do bairro! É das zonas com mais simbolismo na cidade de Lisboa, no entanto lembro-me de falar com as pessoas, (foi uma visita de estudo portanto), e elas diziam-se esquecidas por quem estava no poder. Vi um bairro triste, vi um bairro abandonado não desdenhando as pessoas idosas que lá vivem, vi um bairro morto. Durante esta Universidade de Verão, passou por aqui também um dos grandes autarcas do nosso país, o Dr. Rui Rio, que disse que por vezes a câmara em termos de reabilitação e requalificação deveria ter um papel de incentivar e criar condições para a iniciativa privada, fazer um pouco esse papel de reabilitação e requalificação. Queria saber Dr. Pedro Santana Lopes, o que pensa fazer ao bairro de Alfama ou a outros casos idênticos, muito obrigado.
 
Dr.Pedro Santana Lopes
Políticas de juventude, eu não vou ser oportunista, vou fazer referência aqui às primeiras medidas a tomar, uma conversa que tivemos aqui nesta mesa e uma conversa que constava do meu programa de 2001, e com a Ana Sofia Bettencourt que era a Vereadora indicada pela JSD, tudo fizemos para, lá está, conseguir levar a cabo que eram os espaços jovens, o ESPAÇO DA JUVENTUDE que quem conhece Lisboa era no Caleidoscópio, ali no Campo Grande, estava aqui a falar na necessidade que existe nomeadamente aqui em Lisboa para as pessoas estudarem, trabalharem, tirarem fotocópias 24h por dia, e é que Lisboa esta mal servida, há pessoas que vão estudar para o Técnico, há pessoas que vão estudar até para o concelho de Oeiras, para o Tagus Park, como era aqui feita referência, e é fundamental conseguir concretizar aquilo que na altura não conseguimos realizar por pouco, por dificuldades que agora não vêm ao acaso. Agora, políticas para os jovens há muitas, fundamental da política para desenvolver é a chamada política dos bairros que dá autonomia a cada bairro, construírem em cada bairro os instrumentos fundamentais para as pessoas lá poderem ter o seu dia-a-dia, escolas, o seu local de culto, o pequeno comércio, a piscina, o ginásio, o espaço verde porque Lisboa é das cidades provavelmente, enfim, Lisboa é uma caso particular nisso. Lisboa é uma cidade de muitos jardins românticos, o Campo Grande, a Estrela, jardins, enfim pouco abertos, que são bons para as pessoas de mais idade irem passear, para as crianças também brincarem um bocadinho, mas faltam os amplos espaços verdes, os relvados que vêem mais ao pé do rio, ou vêem na zona da Expo, mas eu procurei fazer no mandato anterior alguns no centro da cidade, a Quinta das Conchas por exemplo, no Lumiar, que é dos maiores espaços verdes de Lisboa ou o jardim do Arco Cego onde antes era o terminal rodoviário, ou até mesmo a requalificação de Monsanto erradicando de lá a chaga da prostituição, de que Monsanto era vitima há décadas. Todas as medidas das que referi há pouco na reabilitação, as bolsas de arrendamento para jovens, todas as políticas, um política ambiental que torne Lisboa numa cidade modular no campo da procura de maior eficiência energética, e não vou agora aqui entrar nos detalhes todos, de tudo isso os mais novos poderão aproveitar. Em relação ao bairro de Alfama, eu sei o que me diz, eu conheço Lisboa, desculpe-me a presunção, como poucas pessoas conhecerão, muito poucas, mesmo muito poucas, Alfama foi um dos bairros que eu fiz o condicionamento de tráfego no mandato anterior, fiz no Bairro Alto, fiz em Alfama, Bica, Santa Catarina e no Castelo, fiz um por ano, bairro alto 2002, Alfama 2003, Bica e Santa Catarina 2004 e Castelo 2005, não me está a faltar nenhum, ficou a faltar a Mouraria, Madragoa. O Bairro Alto ao princípio, só para dar este exemplo, era uma coisa que estava para se fazer a décadas porque as ambulâncias não passam, os carros de bombeiros não passam, a questão de segurança era muito importante, para além do ordenamento estético até, quando eu tomei essa decisão, e a concretizei, os comerciantes levantaram um pé de guerra, eram contra, eu lembro-me que antes de concretizar essa decisão, visitei algumas cidades, falei por exemplo com o Alcaide de Barcelona que me dizia “vais ter nos primeiros tempos a oposição dos comerciantes mas vais ter que aguentar, porque o comércio depois reestrutura-se e vais ver que vai explodir no bom sentido” e foi assim no Bairro Alto, agora anda o Dr. António Costa, ora fecha à meia-noite, ora uma da manhã, duas da manhã, três da manhã, parece aquela canção que todos conhecemos, e à medida que se aproximam as eleições…

 (palmas)

 Pedro Santana Lopes - … mas o Bairro Alto, de facto, explodiu comercialmente, sabemos pelos bares, há umas lojas de design mas os comerciantes estão contentíssimos, bem alguns estão preocupados com essa questão dos horários, o problema é dos moradores agora, e tem de ser feito com equilíbrio, nós temos de tratar dos direitos dos moradores mas não vos vou agora maçar com isso, eu já disse como, não vou agora aqui desenvolver. A Alfama, não conseguiu essa explosão no ponto de vista económico e do comércio, porquê? Porque esta câmara, eu lembro-me quando condicionei os carros em Alfama, fiz uma campanha que se chamava “Quem cuida, ama”, a propósito de Alfama, e nós temos para cada bairro de Lisboa, para cada bairro de cidade ou para … (sem som) … criar um código genético porque aqueles que não o têm, puxar pela sua identidade, fazer promoção, ainda esta semana na Mouraria ainda me diziam “ Sr. Dr., a Mouraria não está nos roteiros turísticos, porque é que os outros bairros estão? Não há setas em Lisboa a dizer para onde é a mouraria, a puxar por nós pelas riquezas que aqui temos…” Alfama precisa de apoio para conseguir a explosão que outros bairros já tiveram, as obras de reabilitação, o Dr. António Costa fez questão de parar algumas e dizer que não tinha dinheiro, há obras paradas porque se devem 15mil euros ao empreiteiro, à outras que devem 17mil euros ao electricista, e depois gasta-se um milhão e 900 mil euros nas cantigas do Parque Mayer mais não sei quantas centenas de milhares de euros em ciclovias feitas à pressa que é o que se está a passar em Lisboa neste momento. Agora Alfama também precisa ali de reordenamento da zona ribeirinha, não haver lá movimento portuário, ser feito o cais para os paquetes turísticos como deve ser, e medida fundamental em Lisboa, não mais grandes superfícies, já no mandato anterior não autorizei nenhuma para proteger o pequeno comércio, e programas de apoio e promoção ao turismo, a identidade, a riqueza cultural de Alfama. Alfama não está bem, mas vai estar melhor, aqui ao lado estavam-me a dizer quando me sentei ao bocadinho “lembra-se quando as pessoas falavam muito contra os seus outdoors a anunciar obra?” quando comecei a obra do túnel do Marquês pus ali “dentro de 3 semanas começa a obra, dentro de …” Temos a obrigação de informar as pessoas, os alvarás as obras devem dizer sempre quando começam, o que são e quando acabam, eu tive agora 2 meses obras a minha porta na Av. de Roma que ninguém sabia, eu até pensava que era uma distinção para mim ou que me queriam tapar a saída …uma surpresa! Andaram lá, tiraram pedra, puseram pedra, nem a junta de freguesia sabia, mas eu trabalho assim, embora hoje em dia goste cada vez menos de outdoors, até agora não pus nenhum, vou pôr, mas ainda não pus nenhum, sou o único que ainda não pus dos candidatos a Lisboa. Eles agora, o que é que eles fazem, põem … (alguns segundos inaudíveis) … a dos privados à um prédio, o senhorio vai fazer obras, tem ali licenciamento, eles põem lá “Obra a obra, Lisboa melhora”, a Câmara Municipal de Lisboa. Em Monsanto, no outro dia passei e vi a Alameda Keil do Amaral que eu fechei, coordenei, fiz o auditório com vista para o rio, etc., “Obra a obra, Lisboa melhora” bum!, outro cartaz. Outro dia abriu-se um buraco na Av. de Berna frente à Calouste Gulbenkian, foram reparar o buraco “Obra a obra, Lisboa melhora”, é assim a vida …(sem som)…

 (palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
Eduardo Freitas do Grupo Bege.
 
Eduardo Freitas
Quanto à minha questão, eu não vou falar de Lisboa, acerca de Lisboa poderia dizer uma pequena coisa, como sou da Madeira diria que agora como o Dr. Santana Lopes vai para a câmara, que a casa da madeira seja recuperada no Bairro Alto e seja devolvida aos madeirenses. A minha questão é outra, é a seguinte, já sabe quais foram os acontecimentos que o Dr. Sampaio fez para que, disse que, foi o motivo para o demitir, sim! Os episódios para o demitir, acha que actualmente que está lançada a suspeita num governo, não acha que o Presidente da República talvez tivesse que demitir o governo? Acha que se fosse o Dr. Sampaio já teria demitido o governo, não seriam acontecimentos mais graves?

 (Muito bem palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
Grupo amarelo, Hugo Costa Sousa.
 
Hugo Costa Sousa
Muito boa noite, boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, é com enorme prazer que em nome do grupo amarelo lhe coloco a seguinte questão. Tendo em conta os recentes incidentes mortais e o clima generalizado de insegurança no Bairro Alto, como pretende resolver essa situação e permitir a livre circulação nesse espaço por jovens, turistas, pessoas que queiram frequentar o espaço. Muito obrigado.
 
Dr.Pedro Santana Lopes
Vocês querem puxar por mim, já vi! Mas lá ver o seguinte, aquela época, aquele período foi naturalmente um período especial, excepcional. Há uma pergunta que o Carlos, o Senhor Reitor, me mostrou que não me lembro do nome da pessoa, julgo que Ana…, que dizia que “tendo saído da câmara e tendo magoado os lisboetas com isso porque é que pensa agora voltar?” está a ver como ela foi lá bater? É da mesma mesa! Eu tive de sair, eu tive de sair mesmo e posso garantir-lhe que tive de sair, e há pouco quando eu falava na degradação da democracia, o principal, as coisas que mais falta faz a Portugal é só “haver um peso e uma medida” para os dois lados, para os vários sectores políticos. O Dr. Jorge Sampaio, falando do próprio em 1995, tinha sido eleito em 93 Presidente da Câmara de Lisboa e no princípio de 95 saiu porque quis candidatar–se à Presidência da Republica, porque quis candidatar–se à Presidência da República, e ninguém levou a mal. Eu tive de sair em 2004 por motivos de força maior, pelo facto de um português ter sido convidado e apoiado para exercer o cargo de Presidente da Comissão Europeia, facto que na altura muitos questionaram mas ainda há semanas ouvi o Sr. Presidente da República dizer que era a decisão mais importante para Portugal nos tempos que aí vinham, era a decisão da recondução ou não do Dr. Durão Barroso porque era muito importante para Portugal o facto de ele presidir ou não à Comissão Europeia. Eu não posso estar mais de acordo, estive de acordo em 2004, e por isso digo, tive de sair para o substituir, foi essa a escolha do Partido nesse momento e por uma larguíssima maioria como sabem, e a questão que eu ponho é: Porque é que os socialistas podem sempre fazer aquilo que nós não podemos fazer? Ou seja, porque é que somos nós próprios …

 (palmas)

 Pedro Santana Lopes – …quando um socialista é Presidente da Câmara de Lisboa e sai a meio de um mandato, porque de livre vontade quer-se candidatar a um carga da mais alta magistratura do Estado, é um acto de grande ousadia democrática e própria da liberdade cívica e quando um social-democrata é Presidente da Câmara de Lisboa e é chamado para substituir o Primeiro-Ministro que vai para Presidente da Comissão Europeia, é uma deserção, um abandono, ou uma ofensa ao eleitorado que o elegeu. E são estes dois pesos e duas medidas que não podem continuar a existir. Há muitos anos que me bato contra isso, e o que mais me custa é ver que normalmente é dentro do nosso partido que mais se alimenta estes dois pesos e duas medidas.

 (palmas)

Pedro Santana Lopes – E, olhem, isto não é, porque para uma pergunta é diferente, não estou a dizer isto para si, porque eu sei até que várias pessoas ficaram magoadas, é natural que as pessoas fiquem magoadas e digam” então eu escolhi este Presidente da Câmara e ele agora sai?”, mas deviam ter dito o mesmo do Dr. Sampaio. Eu graças a Deus hoje em dia sinto e penso, pode ser “presunção e água benta cada um toma a que quer”, mas as pessoas já perceberam ou aqueles que ficaram magoados já perdoaram e quando pergunta “porque é que volta?” lá está, eu escrevi e disse, eu tenho um projecto que eu acredito, que ninguém continuou e que eu acho que é o caminho por onde Lisboa deve ir, eu acredito profundamente que ele é bom para Lisboa, não vou maçar mais porque até aqui muita gente que é do país todo, agora, é por isso que eu volto e candidato-me mas com uma grande serenidade democrática. Se ganhar, ganho, e espero ganhar e estou convencido que vou ganhar. Se não ganhar, amigos como dantes, agora sabe o que é que eu estou a fazer? Aquilo que acho que faz sentido, aquilo que devo fazer, e é por isso também que depois de muita discussão com as pessoas, especialistas em marketing, escolhi o lema “Lisboa com sentido”, que é aquilo que eu acho que não acontece hoje em dia. Lisboa não está a ser governada com sentido, com exemplo do Terreiro do Paço, dos contentores, do aeroporto fora de Lisboa, da ponte a 3ª travessia com mais carros para Lisboa da outra banda, da outra margem, e por tudo isso, está a ver? Portanto, as coisas na vida devem fazer sentido para nós, na política que é um serviço e todas as outras formas de serviço público tem de fazer sentido na relação com os outros, e para mim faz sentido ser candidato a Câmara de Lisboa até porque foi essa câmara, tal como a da Figueira que eu, com muitos outros conquistei, quando ninguém acreditava. Quase que não a íamos conquistar, e alguns anos depois disseram-me “agora outra vez não, obrigado” e eu aceitei, e nunca ninguém me ouviu ofender ninguém por causa disso nem atacar ninguém por causa disso, e quando o meu partido me disse outra vez, “agora sim outra vez, está disponível?” aceito ou não o convite? Não bati à porta de ninguém, pedi uns dias para pensar porque a idade ensina isso mas cá por dentro calculam o que é (palmas) eu sentia. Em relação ao Bairro Alto, olhe como outros sítios de Lisboa, não vou agora aqui nomeá-los mas precisa de uma política de segurança eficaz, segurança em público não se fala, agora a câmara de Lisboa tem meios para fazer por si uma parte do que é preciso fazer, a outra parte é preciso ser o governo, mas a Câmara pode abrir esquadras da Policia Municipal, tem de pôr os efectivos da polícia na rua, e o Presidente da Câmara de Lisboa tem de saber falar alto com o governo, seja de que cor for, para dizer a PSP, porque a PSP tem de fazer esse trabalho com a Policia Municipal, sem ser como gratificados, faz parte do trabalho normal da polícia e os agentes da PSP estão disponíveis para o fazerem. Em muitos assuntos da cidade de Lisboa hoje em dia, a questão é a independência do Presidente da Câmara, face ao poder central. Um presidente da Câmara de Lisboa não pode dizer ao governo ”quer alargar os contentores em Alcântara? Faz favor, quer fazer sem concurso público? Faz favor, quer fazer a obra no Terreiro do Paço? Faz favor, que tirar o aeroporto? Faz favor, quer fazer uma terceira travessia com componente rodoviária? Faz favor”, bem, desculpe e depois diz o actual Presidente da Câmara de Lisboa “ah! Mas está combinado que a Câmara de Lisboa tem de ser ouvida ou dar parecer”, mas está combinado onde? Está escrito onde? Portanto, em matéria de segurança, sobre a qual se deve falar pouco, eu acho ao fim ao cabo que é uma questão também de descomplexar a relação, mas estar lá presente… e hoje em dia como se viu no episódio, esse sim um episódio da bandeira monárquica nos Paços do Concelho, nem na casa serve o sistema de segurança e vigilância funciona, no meu mandato diziam “lá está o Santana Lopes com a mania da segurança, tem lá uma série de polícias municipais nos Paços do Concelho”, pois, eu e os outros Presidentes de Câmara, vão para férias e vai tudo, portanto vão lá pôr a bandeira, é evidente ….

 (palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
Dr. Santana Lopes, nós temos uma tradição na Universidade de Verão que é de dar a última palavra ao nosso convidado, assim sendo eu não volto a usar do microfone, a última palavra será sua no encerramento do último jantar da Universidade de Verão 2009. Quero primeiro recordar a todos, que amanhã às 10h da manhã temos a sessão de avaliação da Universidade que é a última contribuição feita por vocês para a qual precisamos da vossa opinião, ela vai ocorrer aqui nesta sala dos pequenos-almoços, portanto nesta sala vamos fazer o pequeno-almoço e a sessão de avaliação, porque à mesma hora estaremos a adaptar a sala lá em baixo para a sessão de encerramento que ocorrerá ao meio dia. A sessão de encerramento está prevista ao meio dia mas pedia a todos que chegassem 10 para o meio-dia, 5 para o meio-dia, por uma razão simples, porque quem fez esta Universidade de Verão são vocês, foram vocês e são vocês que farão a sessão de encerramento da Universidade de Verão de 2009. Nesta cerimónia é sempre muita gente que vem, gente do partido, a presidente do partido, há muitas personalidades, haverá certamente lugares para todos, mas as primeiras filas serão naturalmente para os participantes da Universidade de 2009, vamos ter pessoas da organização a tentar encaminhar e torna-se tudo muito mais fácil se nos ajudarem estando já na sala 5 ou 10 minutos antes do início da sessão de enceramento. Esta noite, entre as 11 e as 11.15, junto ao bar, vamos ter uma animação musical feita por participantes desta Universidade de Verão de 2009. Um dos vossos colegas e uma das vossas colegas com guitarristas e participantes a tocar violas vão cantar fados, e música popular portuguesa, será uma forma de nos despedirmos da Universidade de Verão de 2009 num ambiente de descontracção, hoje entra as 11 e as 11.15, aqui neste espaço. Dr. Santana Lopes, uma vez que é a última vez que falo neste microfone esta noite, creio que é a oportunidade para lhe reiterar os nossos sinceros agradecimentos por ter estado connosco esta noite, e em nome de todos lhe desejar a melhor sorte nas eleições que vai disputar todos queremos tratá-lo por Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a seguir às próximas eleições autárquicas. E vamos então para a última ronda de perguntas e agradecendo o simpático convívio do grupo azul nesta noite, passo a palavra à sua coordenadora Carla Castro.

(Aplausos)

 
Carla Castro
Ora muito boa noite, em primeiro lugar e em nome do grupo azul gostaria de agradecer aqui ao Dr. Pedro Santana Lopes a sua presença e dar-lhe um obrigado por nos deixar partilhar a sua mesa de jantar com muito gosto fizemos. A minha questão é a seguinte, a Câmara Municipal de Lisboa actualmente encontra-se com uma dívida muito grande cerca de 115 milhões de euros. A solução encontrada por aquele que nós consideramos ser o seu antecessor foi criar um acordo com os fornecedores de modo a poder proceder-lhes ao pagamento a 10 anos, e a casos, … para mim e para todos do nosso grupo isso é uma política de contra senso, não está a melhorar em nada digamos a câmara, por um lado a dívida continua lá e os fornecedores por outro lado irão recebe-la a longo prazo. A minha questão então é a seguinte, neste sentido quando tomar posse de uma câmara considerada falida por muitos e digamos, proceder a uma adequação e soluções para Lisboa fazendo uma omelete sem ovos. Obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
Última pergunta, grupo verde, Marta Pereira.
 
Marta Pereira
Boa noite Dr. Pedro Santana Lopes, o grupo verde não podia deixar de lhe agradecer o convívio connosco hoje, agradecer-lhe por ter vindo a Universidade de verão 2009 e felicitá-lo pelo trabalho que tem vindo a fazer ao longo de todos estes anos ao serviço do PPD/PSD. No momento que se prepara para mais um combate político pela câmara da capital, como imagina Lisboa em 2020? Muito obrigada.
 
Dr.Pedro Santana Lopes
Obrigado, bem, a questão sobre a situação financeira da Câmara Municipal de Lisboa, que lá está a propósito de “dois pesos, duas medidas” é curioso, durante anos desde 2004, 2005 este tema foi tratado, e a contas, e a Câmara de Lisboa e o meu nome, e a Câmara de Lisboa, e a Câmara de Lisboa falida, a Câmara de Lisboa na penúria, e a Câmara de Lisboa não pode pagar empréstimos da Câmara de Lisboa, e a culpa é dele, e a culpa é dele, e a culpa é dele, e a culpa é dele … aqui …(?) … houve um debate, entre o Dr. António Costa e eu na SIC, e o tema foi tratado, e teve graça porque a reacção de muitas pessoas e até de alguns comentadores foi dizer “ não se pode já com os temas das contas, para que é que vamos falar das contas, vamos mas é falar do presente, vamos falar do futuro” e eu acredito genuinamente que muitas pessoas tenham pensado nisso pois é um tema maçudo, um tema mais pesado. Agora eu digo-vos uma coisa, o desequilíbrio da Câmara de Lisboa é igual em termos genérico ao desequilíbrio económico do país, o défice estrutural da Câmara de Lisboa é igual ao défice estrutural do país, a Câmara de Lisboa tem um desequilíbrio entre despesas e receitas, tem 11 mil funcionários, tem um orçamente de cerca de 600 milhões de euros, tem uma pressão grande sobre a tesouraria quando nos últimos anos não pode recorrer a financiamentos na banca, porque tem equilibrado a sua situação com financiamento na banca. Qual é a maneira de a câmara se rentabilizar? É rentabilizando os seus activos, a câmara tem muito património, é aligeirando despesas, responsabilidades, fazendo concessão de serviços e lá está, acabar com a política da lamúria, do choradinho permanente, suscitar esperança nas pessoas, mobilizar o investimento, apostar na competitividade. Não há nenhuma cidade para onde um investidor se dirija em que ouve o Presidente da Câmara constantemente a dizer que ela está às portas da falência, ou às porta do desastre, e eu sublinho o seguinte, Lisboa tem neste momento um rating, podem desconfiar mais ou memos depois da crise que vivemos neste último ano das agências de rating, de avaliação da situação financeira, das instituições, das entidades, mas duas das maiores agencias de rating do mundo fazem a avaliação periódica da capacidade financeira, da solvabilidade da Câmara de Lisboa e atribuem-lhe um rating que durante anos foi igual ao da república e neste momento até superior ao da República, mas tem sido equivalente. Porquê? A câmara de Lisboa tem o quê? Tem muito património, tem que fazer uma política de contenção das despesas e quando as pessoas dizem, “ah vêm aí obras e as obras são muito dispendiosas”, não é verdade, a obra de requalificar Monsanto custou muito pouco, fazer uma piscina em cada bairro dos mais carenciados é um investimento muito pequeno, cerca de 2 milhões de euros, face ao que é o orçamento da câmara e ao retorno que esse investimento trás. Memo em termos ambientais, o túnel do Marquês é uma obra como os outros desnivelamentos nas cidades, são obras normalmente que o investimento é largamente reprodutivo, aliás quem fala contra os desnivelamentos nas cidades, normalmente é quem não visita outras cidade na Europa e no mundo, hoje em dia as grandes urbes com feliz ou infelizmente com o número de carros que existem, para as pessoas terem melhor ambiente, melhor ar à superfície, mais possibilidade de circulação, à desnivelamentos em todas elas, Madrid aqui à porta, não temos que ir a Moscovo, em Madrid, em Barcelona, em Bruxelas que o Sr. Reitor conhece tão bem e eu conheço mais ou menos, em todas elas, em Paris, mas aqui, lá está “dois pesos e duas medidas”. Os túneis de esquerda são bons (risos), o túnel do Campo Pequeno, o túnel do Arieiro, (palmas) é bom, o túnel do Marquês não presta ….

 (palmas)

 Pedro Santana Lopes – e portanto essas obras, agora dizem “aí eu quero fazer …” “oh, lá está ele com a mania dos túneis, agora quer fazer um desnivelamento no Saldanha” mas é evidente, senão fosse para fazer um desnivelamento no Saldanha, então não o tinha feito no Marquês também, quando o fiz no Marquês disse logo que o queria fazer no eixo central de Lisboa, porque isso é que faz sentido para aumentar a velocidade média de circulação, dos transportes públicos, para pôr todo, em todo eixo, quem conhecer Lisboa sabe, é uma cidade de ruas muito estreitinhas, muito pequeninas, Barcelona por exemplo tem a Diagonal, tem a Gran Via, tem grandes eixos viários distribuidores de tráfego, a marginal, Lisboa não! Bem, para não falar do que estão a fazer agora das restrições ao tráfego no Terreiro do Paço sem cuidar da alternativa, isso então é inconsciência total. Quando se constrói o nivelamento no Saldanha exactamente para se dar maior fluidez ao eixo central ou se faz circular das colinas antes fazer isso ao Terreiro do Paço, é não se fazer ideia nenhuma daquilo que se está a fazer, nenhuma! E esse desnivelamento, se se lembrarem que há semanas quando eu anunciei dia 1 de Julho no Arco do Cego, vem um especialista do Bloco de Esquerda catedrático do Técnico dizer que “é um erro, é um erro, vai trazer mais carros para Lisboa”, eu tinha uma ideia que ele tinha participado num estudo que a câmara tinha encomendado sobre mobilidade na área metropolitana de Lisboa, diz ele “ lá está o Dr. Santana Lopes a falar sem estudar” bem, lá fui ler o estudo de mobilidade de 2004, estava lá o nome Prof. Dr. o próprio, e estava lá escrito pelo próprio “é fundamental construir um desnivelamento no Saldanha para assegurar a fluidez do eixo ….” (risos)

 (palmas)

 Pedro Santana Lopes – Isto a propósito, foi um estudo coordenado pelo Prof. Dr. José Manuel Viegas, que trabalha com a actual câmara, trabalha com as câmaras todas e governos todos, e lá está uma parte desse estudo coordenada por esse professor que dizia em 2004 (agora não, que se esqueceu), que é uma obra, fundamental, como é fundamental fazer um desnivelamento na outra parte da cidade, à saída só não é a entrada, ao pé do Campo Grande. E as pessoas dizem “que mania!”, não é mania, quem andar hoje em Lisboa na Joaquim António Aguiar sabe como o ambiente melhorou à superfície, como há poucos carros, como quase não há o cheiro a tubos de escape, como as pessoas ali têm de facto mais qualidade ambiental, têm melhor qualidade de circulação, menos sinistralidade rodoviária. Lembram-se do que dizia o vereador que fazia falta? Que a descida era enorme, o que é que aquilo ia fazer, houve pessoas que vieram ter comigo e que disseram “olha, eu fiz o túnel todo mas não encontrei a tal descida que ele falava”, que iam ser desastres todos os dias, que a obra ia ter muitos problemas, nenhum problema e foram feitos mais dois, o do Baptista Russo e o Túnel do Rêgo, as pessoas não sabem do que falam, aí sim e falam do que não sabem, é preciso falar e é preciso fazer e é preciso trabalhar muito para se fazer obra num só mandato, obra em várias frentes e com várias dimensões. E essa obra também, mesmo esta é um investimento largamente reprodutivo, portanto eu quando pegar na câmara … olhe, tem-se que adoptar algumas restrições, não podem entrar mais pessoas agora à medida que outras se reformem, temos de reduzir os efectivos, agora no tempo de crise que vivemos, não podemos nem devemos despedir pessoas, é preciso gerir também com consciência social. Esta Câmara recorreu a empréstimos, a programas extraordinários de financiamentos do governo. Eu tive a Dra. Manuela Ferreira Leite como Ministra das Finanças (risos) e quando ela tomou essa medida, eu fiz a seguinte declaração pública: “concordo inteiramente que as câmaras têm que se habituar a viver dentro das suas possibilidades”, fiz essa declaração e até disse mais o seguinte “como presidente da Câmara de Lisboa, estou disposto a estudar uma solução que privilegie as câmaras das zonas mais desprotegidas do país porque acho que em certa medida é moralmente inaceitável que a Câmara de Lisboa receba de equilíbrio financeiro transferências do Estado, verbas significativas, à luz dos critérios de ponderação existentes, quando há Câmaras no país que não recebem praticamente nada”, foram as duas declarações que eu fiz na altura sobre isso. Portanto eu sei muito bem o que hei-de fazer mesmo (palmas) na questão da política financeira. Como é que será Lisboa em 2020? Olhe, espero que seja uma cidade, vou usar um chavão mas que eu sinto-a verdadeiramente europeia, e uma cidade europeia é uma cidade bem cuidada, bonita, é uma cidade onde aproveitemos o facto de ser uma cidade com mais horas de sol, a capital europeia, onde trabalhemos muito bem na eficiência energética, onde reciclemos as águas das chuvas, onde de facto aproveitemos os estímulos que existem para a colocação de painéis solares, onde façamos construção energeticamente auto- sustentável no isolamento, nos outros matérias de revestimento, em todos os domínios, com espaços verdes em cada bairro eliminando as barreiras arquitectónicas onde não é possível um cidadão com limitações físicas não caber na porta de entrada do seu prédio, ou na casa de banho da sua casa, porque os construtores não quiseram diminuir um pouco a sua margem de lucro e a câmara não teve a força para impor o respeito pelas regras da protecção dos cidadãos com limitações físicas (palmas) essa é uma Lisboa integrada numa rede de autoridade metropolitana de transportes como Madrid tem desde 1996, em que a utilização de transportes públicos subiu assim e os transportes privados desceu assim, ao contrário das curvas de progressão ou de declínio em Lisboa. Em Lisboa aumentou o uso do transporte privado, na relação quase inversa. E essa autoridade metropolitana de transportes aliás não é só em Lisboa que deve existir, é pôr os concelhos a trabalhar juntos em política energética e política de transportes, é fundamental hoje em dia. Lisboa, cidade-modelo. E também nos recursos humanos, no seu funcionamento, no processo de decisão. Lisboa ao contrário de ser uma cidade, uma câmara onde as pessoas olham com confiança, ser uma cidade modelo como eu escrevo no programa, hoje alguém dizia, ah! era no livro que estava ler, no livro que vos falei do Prof. Álvaro Martins Pereira, que nós não temos que ter complexos em apostar naquilo que somos bons, e esse professor de York até dizia “porque é que não devemos apostar também no Sol? … porque não devemos também apostar no fado?” falava na Mísia, Ana Moura, para além da Marisa, porque é que não havemos de apostar no futebol, porque é que não havemos até de apostar em Fátima, falava da trilogia de que acusavam o anterior regime e puxar pelo turismo religioso, e aproveitar o aeroporto de Monte Real, e criar uma rede de infra-estruturas aéreas e portuárias deliberadas por todo o país, e apostarmos naquilo que somos e que temos de bom em vez de estarmos a querer inventar e sermos iguais aquilo que os outros podem fazer com as condições que os outros têm, puxarmos por nós próprios naquilo que temos para desenvolver, e é por isso que vos digo que parte da condição de esse caminho ter sucesso, é haverem pessoas, é existirem pessoas com a capacidade de sonhar, mobilizar, juntar, congregar como o Reitor da vossa Universidade. Quero terminar estas palavras saudando-o. Esta semana estiveram aqui pessoas de vários sítios do país, numa Universidade onde se procura pensar o passado, presente e o futuro de Portugal principalmente, estiveram aqui figuras conhecidas do partido, em que fizeram intervenções com liberdade com a liberdade que é própria do nosso partido, segundo o pensamento de cada um, em que sublinhou muito bem os pensamentos da ética, da moral, da responsabilidade na vida pública como na vida privada, em que se falou na importância da lealdade, também da disciplina partidária de quem é militante, do companheirismo, da solidariedade, mas muito valor da formação, como eu dizia a pouco, o grande problema …., a educação por si não resolve o problema de desenvolvimento de um país, mas mudar aí ajuda muito, por si não resolve. Há países com bons sistemas educativos e que não têm os níveis de desenvolvimento económico e social correspondentes, e a inversa também às vezes é verdadeira, agora, ajuda muito, é essencial que Portugal faça essa aposta e o Carlos Coelho é um homem de trabalho na formação, na educação, lá está! É o deputado europeu, eu estive lá num mandato pequeno, foi a duração desse mandato, 2 anos mas foi o primeiro 87/89 e sei como isso não é fácil, é de todos os deputados que até hoje no PPD/PSD teve, aquele que mais contas tem sempre prestado aos eleitores, por info-mails, por todas as vias que as novas tecnologias permitem, mas pela presença pessoal também, e essa é a maneira que se deve estar na vida política, fazendo depois aquilo que se anunciou antes e é por isso que eu digo não podem ter melhor Reitor, porque é um Reitor que dá o exemplo, o Reitor é isso. Já temos mais alguns anos, lembramo-nos do tempo em que os reitores não eram votados, não eram escolhidos, eram impostos, este Reitor tenho a certeza é querido, é desejado e é um Reitor natural…

 (Palmas)

 Pedro Santana Lopes – … e por isso …. (palmas), quero agradecer como militante do PPD/PSD que sou mas também como cidadão português à Universidade de Verão, o facto de tantas e tantos apesar do espectáculo que a política muitas vezes nos tem dado, tantas e tantos continuarem a acreditar na política, eu também tenho sentido isso na minha campanha em Lisboa, muita gente nova a querer fazer a política de outra maneira e isso para mim é, e para muitos que andamos aqui anos e anos, é uma compensação extraordinária, extraordinária, e agradecer também o modo como a comunicação social de facto tem coberto, tem levado aos portugueses o que se passa aqui, que é um bom exemplo nomeadamente para os outros partidos, que estão à beira nomeadamente um que espero que esteja à beira de deixar de ser aquilo que é de há 11 anos o maior partido português, e que não consegue por mais que tente, e espero que consiga um dia, fazer algo de equivalente a esta iniciativa, na sua substância, na sua projecção, na sua alegria e na sua capacidade de fazer pensar, que é o principal. E por isso, para mim é uma honra e nunca se esqueçam porque eu vi que a questão desperta muita curiosidade, a política vale a pena como dizia deixem-me citá-lo Francisco Sá Carneiro “se for por causa de um projecto”, portanto se acreditarem num projecto vão para a vida política, se não acreditarem não! Mas vão de passagem, eu estou há muitos anos, porque aqueles que entraram na política a seguir ao 25 de Abril foi isto, começamos com 20 e tal anos, depois chamados para isto para aquilo, depois saímos e às vezes as vidas profissionais foram prejudicadas também, nunca façam isso! O principal é a retaguarda estar devidamente protegida e isso é o essencial, mas se o país chama, e se o país precisa, não é acharem “ai que precisam tanto de mim!!!” porque gostam ou porque vos dá jeito, a acharem que podem fazer bem aquele trabalho ou aquele serviço, então avancem porque o líder que fundou este partido, foram três mas o principal, com todo o respeito pelos Dr. Francisco Balsemão e pelo Dr. Joaquim Magalhães Mota, o Dr. Francisco Sá Carneiro se há legado que ele deixou a todos foi esse, não ter medo da coragem, sempre determinados, sempre coerentes e cada vez mais determinados. Viva o PPD/PSD, Viva a JSD.

 (palmas)

 Santana, Santana

 Pedro Santana Lopes – Muito obrigado, muito obrigado ao grupo azul.