António Borges mostrou ao que vinha logo de   início: entrou no tema de forma desabrida e directa, sem paninhos quentes. "A   nível de política económica há no nosso país uma enorme confusão. (...) O nosso   País tem problemas de tal maneira sérios que é possível colocar a pergunta haverá recuperação possível? Ou mudamos rapidamente de rumo ou esta   ameaça é bem real."
O nosso orador apresenta então a actual situação   económica portuguesa, num registo muito exigente, colocando a tónica na dívida e   déficit externos. O que de mais importante "Portugal tem de perceber neste   momento é que tem despesa a mais, e não a menos." António Borges aponta o dedo   ao Primeiro-Ministro, que está convencido de que "tudo o que é investimento é   bom para o país", defendendo que "o País tem de ter cuidado com todo o tostão   gasto", não entrando em delírios despesistas executando "tudo o que aparece".   "Muitos destes investimentos são até contraproducentes".
Traçado o cenário, passamos às soluções.   Primeiramente fala-se de algo incontornável, de poupança, da situação mundial.   "A política deste governo tem penalizado cada vez mais a poupança." O estilo de   António Borges é, como comentou o aluno UV2009 João Matos via Facebook,   "incisivo, acessível e elucidante". Prova que não veio à UV para uma conversa   pacata, mas efectivamente para analisar connosco a situação económica.
Aponta-se a principal questão: como tornar os   portugueses mais produtivos, mais competitivos? Para o nosso Professor, primeiro   há que cair na conta de que há duas economias em Portugal, "a das PME's que está   num estado miserável e a das empresas protegidas, com uma rentabilidade   elevadíssima". Mais avisa que para descer o IRC de forma a "dar mais dinheiro a   quem já tem muito, não contem connosco. Descer de forma a ajudar quem está em   dificuldades, isso sim".
Qual o ponto mais dramático? Um país "parado,   estagnado, em que não há produtividade." Duas preocupações terão de nos guiar:   grande rigor nos gastos do dinheiro, em todos os tostões públicos; prioridade   total à sobrevivência, eficácia e produtividade das nossas empresas.
Entramos na parte das perguntas dos nossos   grupos, onde muitos foram os temas lançados para a mesa, do aproveitamento da   nossa ZEE às políticas de bónus das empresas, endividamento, papel do Estado e   da CGD, criação de um conselho supra-partidário, política monetária, passando   por conselhos económicos a jovens empresários ou ao novo ministro da   Economia. 
Um longo aplauso assinala o fim da aula de   António Borges, que pontua uma prestação ímpar com um momento de humor:   "Obrigado pelo vosso interesse e por, ao contrário dos meus receios, não ver   ninguém a dormir a sesta."