Reformar o Estado sem hostilizar os que nele   trabalham é possível, compreendendo a sua evolução, a história e o trabalho que   se lhes exige. Para reforçar esse ponto, Suzana Toscano abriu o jantar   apresentanto um perspectiva histórica da Administração Pública nos últimos 30   anos. "Não vale a pena vir aqui com frases feitas ou preconceitos, não   conseguimos reformar sem conhecer". "Como em qualquer ramo do saber", diz a   nossa convidada, "quanto mais sabemos mais nos apercebemos o que nos falta   saber".
A discussão teria de começar inevitavelmente   sobre as funções que hoje se esperam do Estado, alertando a nossa oradora que   "discussão em torno do tamanho e funções do Estado não é uma questão técnica, é   uma questão ideológica". Há "critérios de avaliação do interesse público:   solidariedade nacional, continuidade e coesão nacional, estabilidade e   neutralidade" e é da "essência da função pública a lealdade, a isenção e   transparência".
Em relação a privatizações ou delegação de   competências, Suzana Toscano é muito clara afirmando-se firmemente contra o   preconceito "está mal, privatize-se": "devemos privatizar, não por desistência,   mas por acreditarmos que os privados podem providenciar melhor serviço".
Suzana Toscano tinha aberto o jantar-conferência   citando Péricles ("os cidadãos que não se interessam pela causa pública não   merecem ser atenienses"), e despede-se de nós com uma ideia forte: "é na nossa   cabeça que as coisas têm de funcionar, e não na lei. Há limites muito mais   imperiosos que os da lei".