O Dr. Manuel de Lemos começa a aula  contrapondo antigos e novos problemas do Estado. "Se olharem para a  história, os grandes flagelos da Europa sempre foram a fome, a  mortalidade, a doença e a guerra", surgindo o Estado social para os  combater. Hoje vemos que o Estado não é capaz de responder às  necessidades crescentes da população, e surgem novos problemas como a  diminuição da competitividade e o custo do Estado social, a que se  juntam o duplo envelhecimento da população e as novas realidades  sociais.
O nosso professor fala-nos então da  fundação das misericórdias na Itália e da sua chegada a Portugal, onde  passam de "Casa da Misericórdia" a Santa Casa da Misericórdia por força  do reconhecimento popular. Espalharam-se por todo o Mundo português,  constituindo-se como a primeira Rede Social no Mundo. "É muito  interessante ver que se a primeira rede social mundial fosse criada por  ingleses ou americanos estávamos a comer disto às pastilhas. Como é  português, ninguém fala disso".
A base das políticas sociais em  Portugal são, para Dr. Manuel Lemos, erradas, por se centrarem num  olhar miserabilista que tende a dignificar a pobreza, num conceito  assente na igualdade e solidariede como técnica e uma concepção  economicista e privatística que confunde "seguro" com "assistência".  Temos ainda deturpações estatísticas no que toca ao número de  desempregados, de pobres e de auxílio social, donde Miguel Silva  [UV2009] destacou, via facebook, esta citação do nosso orador: "parte  da reforma dos idosos não reverte a favor deles mas sim a favor dos  seus familiares". Quanto a apoios directos do Estado, como o RSI,  deixa-nos este pensamento: "se é de inserção vamos inseri-los; se vamos  inseri-los, vamos colocá-los a trabalhar".  
"Temos de mudar a nossa lei de  voluntariado! (...) Nenhum inglês faz um CV sem mencionar o seu  trabalho de voluntariado porque as empresas valorizam. Nós não  valorizamos isso." Acrescenta ainda Dr. Manuel Lemos sobre  voluntariado: "temos muita vocação para chefe, e pouca vocação para  índio". 
Como nota final, escolhemos este desejo  do Dr. Manuel de Lemos: "se no final desta conversa se interessarem  mais pelas questões sociais, fiz linha; se ganharem interesse pelo  trabalho social, fiz bingo". Gonçalo Marques [UV2009] comenta: "no que  toca ao nosso interesse, acho que fez um duplo bingo".