"Não se deve criticar sem apresentar  alternativas". É por isso mesmo que Paula Teixeira da Cruz terminou a  sua palestra de abertura com dezassete propostas para reformar o  sistema judicial português. Não surpreende ninguém que a justiça fosse  tema nesta UV, fosse pelos últimos tempos, fosse pela definição de  Platão com que a oradora desta noite nos presenteou: a justiça é a  "saúde do estado".
Antes porém, um tema que muitos dos  nossos convidados focaram este ano: ética e política. "Em filosofia,  ética quer dizer o que é bom para o indíviduo e para a sociedade. Como  é que é possível que se possa separar ética da política?" "A política é  servir a causa pública e quem não está na política para servir não está  aqui a fazer nada".
De seguida, Paula Teixeira da Cruz  focou a sua atenção na prestação do governo: "não há nenhuma iniciativa  deste governo ao nível do sistema judicial que não vise enfraquecer o  Ministério Público". "Sempre que temos um governo sob suspeita, a  tentação de interferir no sistema de justiça é enorme (...) não é o  governo que deve definir as prioridades do sistema de justiça: o crime  mais grave é o prioritário".
Terminamos com algumas das propostas da  nossa convidada para a justiça: redifinir a organização judiciária;  consolidação dos principais códigos; redefinir o mapa judiciário;  criação de jurisdições especializadas face à complexidade e  especialização do ordenamento jurídico; formação dos operadores  judiciários; capitação de processos por magistrados; revisão do regime  acesso ao Direito com contratualização e responsabilização; revisão do  código das custas; reorganização dos Conselhos Superiores de  Magistratura, Tribunais Administrativos e Fiscais e do Ministério  Público; alteração dos regimes de afectação e classificação das  magistraturas; reforço do regime de responsabilidade de todos os  operadores judiciários; revisão dos estatutos dos magistrados; revisão  do regime de selecção de peritos.